Em 2025, a inflação dos alimentos deve registrar uma desaceleração, embora o preço da comida continue sendo um desafio para os consumidores. Em 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, mostrou que os alimentos ficaram 7,7% mais caros em comparação ao ano anterior. No entanto, economistas projetam que a alta será mais modesta em 2025, com uma expectativa de variação entre 6% e 7%.
O economista Roberto Mendonça de Barros prevê uma alta de 6% nos preços dos alimentos, enquanto André Braz, do Ibre-FGV, aponta que a inflação desse grupo pode ficar entre 6,5% e 7%, ou até abaixo disso. Esses números são impulsionados por uma combinação de fatores, como o aumento da safra de grãos e a melhora nas condições climáticas em relação a 2024. A valorização do real frente ao dólar também pode ajudar a amenizar os custos, uma vez que o câmbio influencia diretamente o custo de exportação e os preços de cultivo.
Em janeiro de 2025, os preços dos alimentos começaram a desacelerar, com uma alta de 0,96% no IPCA, abaixo do 1,18% registrado em dezembro de 2024. Esse cenário mais favorável, contudo, não será sentido igualmente por todas as classes sociais. As famílias de baixa renda, que consomem uma parte significativa de sua renda com alimentos, tendem a sentir menos alívio, já que os preços dos itens alimentares têm subido acima da inflação média nos últimos anos.
A produção de alimentos também será um fator-chave na evolução dos preços. A expectativa é que a safra de grãos cresça 8,2% em relação à temporada anterior, destacando-se a produção de soja. Em 2025/26, a soja deve alcançar 166,3 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 18,6 milhões de toneladas em relação à safra passada. Esse aumento tende a impactar diretamente os preços do óleo de soja, que acumularam alta de 24,5% nos 12 meses até janeiro de 2025, mas já mostram uma leve desaceleração.
Além disso, as boas perspectivas para a safra da soja no Brasil, e na Argentina, outro grande produtor, devem resultar em uma oferta mundial mais abundante, o que ajudaria a baixar os preços no mercado internacional. Esse alívio pode ser complementado pela recente valorização do real frente ao dólar, que tende a reduzir o custo do produto.
Entretanto, nem todos os itens alimentarão uma expectativa de queda de preços. O café, por exemplo, continua a registrar altas expressivas. O preço do café moído teve um aumento de 50,35% no acumulado dos 12 meses até janeiro de 2025, e a previsão é que o preço suba até 25% nos próximos meses. A principal explicação para esse aumento está no impacto do clima, como calor e seca, que afetaram severamente a produção nos últimos anos, resultando em menor oferta. Além disso, o aumento nos custos logísticos devido a fatores como as guerras no Oriente Médio também contribui para a elevação dos preços. A alta demanda internacional por café, aliado a esses fatores, deve manter os preços elevados.
O impacto da safra de soja e milho também será sentido nos preços das carnes. A boa produção desses grãos pode reduzir o custo da ração utilizada na criação de animais, ajudando a aliviar os preços das carnes, que, após dois anos de altos abates, apresentam uma oferta mais restrita. Embora as carnes tenham desacelerado sua inflação em janeiro, com um aumento de apenas 0,36%, a alta acumulada nos últimos 12 meses foi de 21,17%. No entanto, a oferta de bois deve começar a cair, limitando a possibilidade de uma queda expressiva nos preços.
Fonte das informações G1.