Como escreveu Simone de Beauvoir, determinados homens e mulheres, por terem projetos de vida e uma vida mais ativa, criativa e autônoma, poderiam ajudar a revelar os caminhos para essa velhice mais prazerosa. Os criadores intelectuais, artistas, escritores, ao priorizarem a busca de significado para suas existências, recusariam uma morte simbólica ou uma morte social, criando novas e positivas representações sobre a velhice. Apesar de não serem numerosos, os seus exemplos de vida são importantes e reveladores de como é possível aprender a envelhecer de uma forma mais saudável, mais livre e mais feliz.
Em A Velhice, Simone de Beauvoir convoca seus leitores e leitoras a ouvir a voz dos mais velhos para ajudar a romper com a conspiração do silêncio que cerca a velhice. “Paremos de trapacear: o sentido de nossa vida está em questão no futuro que nos espera. Não sabemos quem somos, se ignorarmos quem seremos: aquele velho, aquela velha, reconheçamo-nos neles. Isso é necessário, se quisermos assumir em sua totalidade nossa condição humana. Para começar, não aceitaremos mais com indiferença a infelicidade da idade avançada, mas sentiremos que é algo que nos diz respeito. Somos nós os interessados”.
Para Simone de Beauvoir, só existiria uma saída para as mulheres: elas deveriam recusar os limites que lhes são impostos e procurar abrir para si e para as outras mulheres os caminhos da libertação. Portanto, a última idade seria uma libertação para as mulheres, que, submetidas durante toda a vida ao marido e dedicadas aos filhos, poderiam, enfim, preocupar-se consigo mesmas e, assim, inventar uma “bela velhice”.