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A chama que Zeus não conseguiu apagar, mas que parece faltar no Brasil

Prometeu e o fogo

Me disseram que os leitores gostaram da história de Hércules, que contei na semana passada. Então, vou narrar outra. Os gregos ensinavam o povo criando heróis e contando suas aventuras, todas com um forte cunho moral e ético.

Prometeu é mais um personagem importante da mitologia grega. Ele era considerado o deus do fogo. Segundo a lenda, ele e seu irmão Epimeteu foram encarregados de criar os mortais que povoariam a Terra, os seres humanos e os animais. Epimeteu criou os animais e lhes concedeu habilidades para se defender, como coragem, velocidade, presas, garras, asas e agilidade. A Prometeu, que era um escultor notável, coube a tarefa de criar o homem. Ele o modelou a partir de um punhado de barro.

Quando chegou o momento de conceder talentos aos humanos, Epimeteu percebeu que havia usado todos os dons com os animais, e nada havia sobrado para as pessoas. Ele procurou seu irmão, Prometeu, que revisava tudo, e este lhe disse que resolveria o problema.

Os primeiros filósofos entendiam que a origem do universo tinha acontecido com base em quatro elementos: terra, água, ar e fogo. O fogo, considerado símbolo da inteligência e do conhecimento, era propriedade exclusiva dos deuses. Quem ousasse dominá-lo sofreria punições severas. Contudo, sem o fogo, os homens, que eram fisicamente mais fracos, sobreviveriam com dificuldade, pois não teriam as aptidões necessárias para se defender e se desenvolver.

O que fez Prometeu? Subiu ao Olimpo e roubou uma pequena chama para distribuí-la aos humanos. Encolerizado, Zeus, o mais poderoso dos deuses, decidiu punir os homens, retirando deles o fogo, o que os diferenciava dos demais seres. Sem o fogo, as pessoas passaram a se recolher nas cavernas, vivendo na escuridão e no frio intenso. Não podiam mais cozinhar seus alimentos, sendo obrigadas a comer carne crua, nem construir objetos para sua defesa e progresso, tornando-se animais iguais a todos os outros.

Ao ver o sofrimento dos seres que havia criado com suas próprias mãos, Prometeu se indignou. Ele voltou aos céus e, mais uma vez, roubou o fogo, trazendo-o de volta à Terra e o distribuindo novamente aos humanos. Quando Zeus soube do ocorrido, ficou ainda mais furioso. No mesmo dia, ele ordenou que Prometeu fosse acorrentado a uma imensa montanha por trinta mil anos. Como castigo, um abutre descia de hora em hora para comer seu fígado, que se regenerava – porque Prometeu era imortal – logo após o abutre terminar seu trabalho.

Durante muito tempo, Prometeu permaneceu sob esse terrível castigo. Diversas vezes lhe foi oferecida a liberdade, desde que ele se comprometesse a esconder dos homens o segredo do fogo, mas ele recusou todas as propostas. Prometeu não cedeu a ameaças nem a ofertas de qualquer espécie. Um dia, porém, com a concordância de Zeus, Hércules – o nosso herói da semana passada – o libertou.

Dessa história, chego a uma conclusão: apesar de todo o esforço e sofrimento de Prometeu para entregar aos seres humanos o fogo, que lhes traria inteligência, conhecimento e progresso, parece que ele não conseguiu deixar nem uma brasa aqui no Brasil. Ou, se deixou, jogaram fora.

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