Não nos ensinaram na escola, por exemplo, que a família imperial não tinha escravos. Todos os negros que trabalhavam nos imóveis da família eram alforriados e recebiam salários. Durante 40 anos, desde 1848, D. Pedro tentou, junto ao parlamento e contra os poderosos fazendeiros da época, promover a abolição da escravatura. A princesa Isabel recebia em seu palácio nas Laranjeiras, para saraus e festas, amigos negros, algo considerado escandaloso para a época. Na casa de veraneio em Petrópolis, ela ajudava a esconder escravos fugidos e arrecadava dinheiro para alforriá-los.
D. Pedro II doava 50% de sua dotação anual para instituições de caridade e incentivo à educação, com ênfase nas ciências e artes. Quando subiu ao trono, em 1840, 92% da população brasileira era analfabeta; em seu último ano de reinado, 1889, essa porcentagem caiu para 56%, resultado de seu incentivo à educação e da construção de faculdades e escolas, principalmente do modelo do excelente Colégio Pedro II.
Entre 1860 e 1889, a média de crescimento econômico foi de 8,81% ao ano. Em 1889, o Brasil tinha 14 impostos, e entre 1850 e 1889, a média da inflação era de 1,08% ao ano. Nesse ano, a moeda brasileira tinha o mesmo valor do dólar e da libra esterlina, e a marinha brasileira perdia apenas para a da Inglaterra. Em 1880, o Brasil era a 4ª economia do mundo e um dos maiores impérios da história, além de ser o maior construtor de estradas de ferro, com mais de 26 mil quilômetros.
Entre 1860 e 1889, o Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo no mundo a ter ensino especial para deficientes auditivos e visuais. Pedro II mandou acabar com a guarda chamada Dragões da Independência por considerar sua existência um desperdício de dinheiro público; com a república, a guarda voltou a existir. O imperador falava 23 idiomas, sendo fluente em 17 deles.
D. Pedro II fez um empréstimo pessoal a um banco europeu para comprar a fazenda que hoje corresponde ao Parque Nacional da Tijuca. Numa época em que ninguém pensava em ecologia ou desmatamento, ele mandou reflorestar toda a grande fazenda de café com mata atlântica.
A Imperatriz Teresa Cristina cozinhava as próprias refeições diárias da família imperial, apenas com a ajuda de uma empregada paga com o salário de D. Pedro. A mídia ridicularizava D. Pedro por suas roupas simples e pelo descuido na manutenção dos palácios da Quinta da Boa Vista e de Petrópolis, mas o imperador não admitia tirar dinheiro do governo para essas futilidades. Alvo de charges quase diárias nos jornais, ele mantinha total liberdade de expressão e nenhuma censura.
Em seu exílio, D. Pedro andava pelas ruas de Paris sempre com um saquinho de veludo no bolso contendo areia da praia de Copacabana. Foi enterrado com ele, em Paris. Depois de seu reinado, foi “proclamada” a República com suas consequências conhecidas, fundada desde o início com base em fofocas e mentiras, por quem se dizia seu amigo de toda a vida.