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#ColunaAgro | Temporada seca chega ao fim?

Temporada seca chega ao fim?

Segundo a National Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), o fenômeno climático La Niña, responsável por trazer menor volume de chuvas para a região Sul do Brasil, chegou ao fim. Agora, segundo prognósticos, já vai para 50% a probabilidade de a partir de agosto, a atuação da condição de neutralidade climática com tendência a El Niño, e por isso, a partir da primavera e verão devemos ter mudanças no clima. Segundo a MetSul meteorologia, a quantidade de dias de calor intenso em 2023, superou as dos verões de 2021 e 2022, em que também foi mais acentuada a escassez de chuva.

Em Quaraí, na região do Oeste gaúcho, em que a estiagem foi ainda mais severa, no ano de 2021 foram 313 mm, no ano de 2022, foram 221 mm e em 2023 apenas 126 mm, enquanto o esperado seria de 440 mm. Então, com o La Niña ficando de lado, o esperado é que as chuvas retornem com força?

Em princípio os meteorologistas dizem que não, pois os processos não são tão rápidos, e devido à forte intensidade, é provável que o tempo para retorno da normalidade das chuvas seja maior. Esperamos que o retorno das chuvas propicie boas janelas de plantio e colheita de inverno, e safras cheias de milho e soja no verão.

Está bom o poder de compra de fertilizantes

Uma boa surpresa para os produtores que nas últimas semanas foram comprar ureia para aplicar nos pastos e lavouras de milho safrinha. Depois de tempos de dificuldades com o alto custo de produção, devido à instabilidade e valorização dos preços dos insumos, principalmente dos adubos. O cenário está diferente, depois da influência da Guerra entre a Rússia e Ucrânia, e o mercado se reorganiza diferente. Há poucos meses, os adubos que estavam sendo vendidos a quase R$300,00/sc, agora são encontrados por volta dos R$100,00/sc. Com isso, o poder de compra pelo agricultor agora é o melhor dos últimos 20 meses, segundo a Mosaic Fertilizantes.

Falta milho no mundo

Segundo a Ag Rural, consultora em mercado de comercialização de soja e milho, é provável que o Brasil seja o maior exportador de milho em grão no ano de 2023, com 98 milhões de toneladas de produção. Com esta perspectiva, o Brasil entraria mudando os líderes da exportação, que hoje está entre Estados Unidos e China. No ano passado, seca e calor extremos diminuíram a produção de milho na região de maior produção, o chamado “cinturão do milho” nos Estados Unidos, e o mesmo acontece com a Argentina.

Acontece que os Estados Unidos têm tido preços pouco competitivos, e os produtores estão segurando o milho, esperando o aumento dos preços, visto que a última safra foi de insumos valorizados devido a Guerra entre Rússia e Ucrânia, e por isso, precisam de preços melhores para a comercialização, enquanto o Brasil tem seguido a exportação.

Com isso, o Brasil pode aproveitar esta abertura de mercado para crescer. Se a boa produção da safrinha brasileira se confirmar, há chances de o Brasil ser o maior exportador de milho no mundo, como ocorreu na safra de 2012/13, quando os Estados Unidos também passaram por uma quebra de safra.

O mercado do milho está aquecido no mundo inteiro, visto que tanto a nível mundial, quanto na região Sul, os estoques de milho encontram-se baixos, o que tem mantido os preços altos. O Rio Grande do Sul tem uma alta necessidade de milho, em média 6,5 milhões de toneladas.

Porém, a falta de milho no Rio Grande do Sul, faz com que pelo menos 3 milhões de toneladas tenham de ser trazidas de outros estados do Centro-Oeste, e mesmo de outros países, como Paraguai e Argentina, para abastecer nossas cadeias produtivas. Com estas tendências de mercado sendo positivas, e com o clima voltando a se alinhar para a próxima safra de verão ser boa em termos de chuva, o milho volta a ser interessante como lavoura de verão para o produtor.

Diesel terá aumento da mistura com biodiesel

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a resolução que estabelece em 12% o teor de mistura obrigatório de biodiesel, no diesel de origem fóssil. Este incremento deve ocorrer a partir de abril, e deve aumentar progressivamente até 2026, atingindo 15%. O aumento da parcela de biodiesel, é visto como medida para reduzir as emissões de poluentes ao meio ambiente. Esta mesma emenda foi vetada no governo de Jair Bolsonaro, como forma de frear o aumento do custo dos combustíveis. Enquanto, por um lado, ambientalistas e a indústria do biodiesel esperavam aumento com maior agilidade, esta medida, que não tem aspectos somente ambientais, mas também dificultadores como redução do desempenho e aumento dos custos de produção, é vista com preocupação pelos setores que tem necessidade de maior consumo, como os transportes. Estes, afirmam que a falta de qualidade do biocombustível atualmente, causa problemas mecânicos nos veículos. Hoje, pelo menos 86% do biodiesel consumido no Brasil, advém da soja. Para permitir a inclusão social, que é um dos aspectos fomentados pelo governo Lula, dentro desta emenda, haverá obrigatoriedade da compra de pelo menos 20% de matéria-prima a partir de regiões do semi-árido. Os dados são da Agência Brasil.

Expodireto

A Expodireto é uma das maiores feiras de agricultura e agronegócio do Brasil, e fica situada na cidade de Não Me Toque/RS. A feira é simplesmente uma escola para profissionais e estudantes das áreas afins, bem como para agricultores, com a exposição de tratores, novos equipamentos agrícolas, insumos, sementes, entre muitos outros. A feira já ocorre há 23 anos, e segundo a direção do evento, este ano foi o maior público de todos os anos, tendo recebido, nos quatro dias de evento, 320 mil pessoas, que é um número 22% superior ao ano anterior. Somente na quarta-feira, foram 91 mil pessoas, o que é cerca de 5x a população inteira de Não Me Toque! Ainda que muitas negociações não sejam iniciadas e concluídas na feira, é lá onde o público consegue conhecer os maquinários e as condições de cada empresa, para posteriormente fechar negócio. Apesar disso, os números foram considerados interessantes, visto que este é o terceiro ano de dificuldades no campo, por conta da estiagem. Ainda que com a quebra de safra de 30% na soja e de 40% no milho, conforme estimado pela Emater/RS, o faturamento de 7 bilhões superou os 4,9 milhões obtidos no ano passado. Deste valor faturado, a maior parte dos investimentos foram para irrigação e armazenamento, que são hoje gargalos importantes para as atividades agropecuárias do Estado.

ExpoAgro Afubra

Ocorrendo nesta semana, em Rio Pardo, a maior feira de agricultura familiar do Brasil. O Evento é organizado pela Afubra, que é a associação dos fumicultores do Brasil. Esta é a 21ª edição do evento, que reúne pelo menos 280 expositores e 230 agroindústrias familiares, nos 35 hectares de área. A feira, que na época foi fundada como parte das medidas da Afubra para fomento de práticas e formas para que o fumicultor pudesse produzir os próprios alimentos e subsistência, hoje tem vai além, com a comercialização de produtos de agricultores, palestras nos diversos temas Agro e inovação.

Desde o ano passado, a feira tem espaço para StartUps, que são empresas com ideias inovadoras, que buscam contato com pessoas necessitando de inovações. No ano passado a feira reuniu 180 mil pessoas, movimentando cerca de 220 milhões em negócios. A feira, além de comércio de máquinas agrícolas, sementes, insumos, também oferece palestras, e o tão famoso galpão de produtos da agricultura familiar, como pães, cucas, geleias, sucos, embutidos, facas e artigos campeiros.

 

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