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#Flores.Ser | Ninguém surta na guerra

Escutei esta frase no dia 6 de setembro deste ano, em uma capacitação da Cruz Vermelha Internacional. Não me recordo o nome do facilitador, mas ela ecoou dentro de mim, se misturando com a angustia e a necessidade de ajudar todas as pessoas que sofreram direta ou indiretamente com a catástrofe.
Hoje, a mesma frase tem um sentido maior dentro de mim. A angustia lentamente foi indo embora, abrindo espaço para a esperança.

Sei que o trauma, não vai ir embora tão cedo, se é que um dia vai ir, e a busca por conhecimento foi um combustível necessário para eu poder ser útil dentro minha comunidade.

Já se passaram alguns meses, algumas pessoas me relatam que não aguentam mais falar daquele dia, outras, percebo que revivem a situação dia apos dia, com pesadelos recorrentes, angustias injustificadas e lembranças que parecem nunca mais sair da nossa cabeça (na psicologia, chamamos esse sintoma de pensamentos intrusivos), um sintoma do Transtorno de Estresse Pós Traumático (TETP).

Toda vez que começa a chover, entro no site do SACE (www.sgb.gov.br/sace) um serviço do governo que monitora as águas do Rio Taquari, entre outras bacias hidrográficas. Eu entendo que ficar assustado com a chuva faz parte de outro sintoma de TEPT, e esse confesso que tenho sentido bastante, que é ficar em estado de alerta constantemente.

Precisamos prestar atenção para os nossos pensamentos, verificar se eles persistem negativos.
O tempo passou e continua passando, já estamos entrando em novembro, na verdade acho que o tempo esta voando… e algo que me marcou muito é que ainda não consegui revisitar os bairros em que prestei auxílio, sintoma chamado de evitação (pessoas acabam evitando revisitar ambientes onde sofreram um trauma).

O meu consolo? É de ter conhecido pessoas fantásticas, batalhadoras e com muito potencial de recuperação. As vezes a gente não encontra explicação para os fatos que acontecem conosco, mas esta catástrofe me ajudou, a revisar muitas das minhas prioridade e olhar para o outro com o coração aberto e com a certeza de que não estamos sozinhos.

Importante continuarmos e seguirmos em frente, e quanto aos sintomas, se persistirem, procure ajuda, pois o TESP aparece a partir de um mês depois do fato traumático.

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