Digo e repito que o ser humano é algo que deve ser estudado. Não basta passarmos pelo que estamos passando somos obrigados a ler e ouvir as piores asneiras possíveis.No Instagram e no Facebook é simples de solucionar o problema e acredito que tenha bastante gente fazendo isso, deixando de seguir ou desfazendo amizades. Mas infelizmente para tentar ficar um pouco mais informado, acabamos entrando em comunidades do Whatsapp, criadas por pessoas com a melhor das intenções, mas que acaba virando central de reclamações, muitas vezes infundadas.
Obvio que ficar sem agua e luz por mais de 15 dias é algo desumano e revoltante. Mas se tratando de empresas como a Corsan e RGE, as reclamações nas redes sociais jamais resolverão o problema. Lamentavelmente é necessário que seja aberto um protocolo com uma queixa formal que hoje é possível ser feita através dos sites de cada empresa se utilizando do mesmo celular e internet que você usa para postar nas redes.
Um ponto importantíssimo quando se trata de grandes empresas, prestadores de serviços e estatais é quanto maior for o número de reclamações formais, maior é a chance de ter o seu pedido atendimento. Isso também auxilia o gestor público na hora de cobrar melhorias no atendimento à população. Não adianta ter 500 posts no Facebook se a empresa não recebeu 10% delas. O ideal seria que todos formalizássemos essas reclamações para juntos exigirmos as melhorias para o nosso Município, sendo que o desabastecimento de agua em muitos bairros não acontece apenas quando há cheias.
Outra reclamação constante nesses grupos é sobre a distribuição de donativos, que hoje é feita apenas em um local, que fica distante dos principais abrigos. Apesar de alguns não entenderem a escolha de centralizar a distribuição em apenas um local, melhora a logística e garante que quem realmente precisa seja comtemplado. Afinal, o número de afetados dessa vez é muito maior e mesmo em meio a toda essa tragédia ainda tem muitas pessoas que não foram atingidas se aproveitando da situação. Infelizmente como diria aquele velho ditado “os bons pagam pelos ruins”.
Falta de agua, luz e dificuldade em buscar os donativos são situações indiscutíveis e até então aceitáveis. Mas agora ver pessoas reclamando que a cidade de Encantado não apareceu na televisão insinuando que é para que os turistas não deixem de visitar o Cristo passa de todos os limites. É inacreditável que esse tipo de pensamento exista em meio a esse caos.
A catástrofe do início do mês atingiu mais de 400 municípios do nosso estado, muitos deles em proporções bem maiores que a nossa. Encantado, Roca Sales e Muçum pela quarta vez. Felizmente, tiremos tempo para evacuar a maior parte das áreas de risco, apesar de não ser possível prever a dimensão dos estragos, muitas vidas foram preservadas, muitos bens materiais foram resguardados e muitas empresas puderam salvar o que na outra vez foi perdido, diminuindo um pouco os prejuízos. Apesar das incalculáveis perdas de setembro de 2023, Muçum, Roca Sales e especialmente Encantado estavam em uma gradativa reconstrução e que reiniciou logo após as aguas baixarem, no dia 03 de maio.
Os semblantes abatidos dos Prefeitos Jonas Calvi, Amilton Fontana e Matheus Trojan são a prova que tudo o que é humanamente possível vem sendo feito pela população. Os auxílios recebidos do governo federal e estadual nesses 8 meses apesar de ser pouco é o que as atuais leis permitem que seja repassado aos municípios. E para quem está aguardando algo mais, lamento informar que é quase impossível que nos seja disponibilizado, afinal agora não somos apenas três municípios, o Rio Grande do Sul pede socorro. Talvez seja precipitado falar, mas a partir de agora é cada município por si. Não é hora para criar narrativas politiqueiras e egoístas, o momento é de união. Priorize os grupos de apoio e as redes para um bem maior!