Gritante
Novamente a saúde do município de Encantado foi o grande debate na sessão desta semana na Câmara de Vereadores. Desta vez o vereador Duda do Táxi trouxe um caso de uma mulher que sofre com constantes sangramentos causados por mioma uterino. Conforme o vereador a peregrinação atrás de uma solução, que no caso seria cirúrgica, desta senhora já vem de longa data. A denúncia feita pelo vereador Duda é de que esta senhora recebeu da secretaria de saúde do município autorização para a realização da cirurgia e que o médico se recusou a fazer porque estaria a oito meses sem receber.
Caso
Esse caso merece uma atenção toda especial, pois se de fato isso aconteceu providências são urgentes e necessárias. Não é possível que se negue o atendimento por falta de pagamento e se for pela falta de pagamento que a prefeitura e seus responsáveis diretos expliquem os motivos do atraso. A omissão está tipificada neste caso. Não é assim que o nosso contribuinte deve ser tratado. Esta é uma denuncia grave e o vereador Duda do Taxi deve ser informado pela municipalidade dos fatos, sejam eles quais forem, para que possa repercutir novamente na tribuna a bem da verdade. Doa a quem doer.
Ética
Tenho dificuldades em admitir que um médico tenha um comportamento nesses níveis. Dificuldade no pagamento de serviços por parte de setores públicos são até comuns, o que me parece incomum é um médico informar ao paciente, como afirmou o vereador Duda, “de forma muito calma que até poderia fazer a cirurgia, mas não o farei porque estou a oito meses sem receber”. Caso isso seja verdade o profissional colocou a ética numa lata de lixo. Por outro lado o médico tem todo o direito de não prestar mais serviço para a prefeitura de Encantado se não estiver recebendo, porém o caminho moral seria comunicar a secretaria de saúde sua decisão.
Nota
Diante das constantes criticas ao sistema de saúde e mais especificamente sobre o caso de um médico ou médica que teria se recusado a fazer uma cirurgia porque a prefeitura não lhe pagava a oito meses e também com a falta de respeito de alguns usuários da saúde municipal para com os servidores solicitei uma posição oficial da secretaria de saúde de Encantado que enviou esta nota:
“Em resposta à coluna a Secretaria de Saúde, Meio Ambiente e Assistência Social disse que a pasta trata de problemas reais, que exigem enfrentamento e, acima de tudo, responsabilidade. Responsabilidade que o Município tem cumprido contratos e dispendendo rigorosamente a correta remuneração dos profissionais da saúde, realizada após criteriosa auditoria. Responsabilidade também em buscar alternativa a intensa demanda de atendimentos no hospital e proporcionar recentemente novo fluxo na saúde com a inserção do Pronto
Atendimento (PA+). Responsabilidade e senso de justiça ao propor lei que ampliou os vencimentos das agentes de saúde e endemias, tão importantes para a saúde preventiva. São muitas as ações que demandam a Saúde no nosso Município e poderiam ser mencionadas, como a farmácia municipal, que atende mais de 400 cidadão/dia, distribuindo gratuitamente medicação.
Saúde pública demanda trabalho e dedicação e, considerando o volume crescente de atendimentos, a solução nem sempre ocorre de forma imediata. É preciso ter em mente que o sistema de saúde pública de Encantado realizou quase cinco mil consultas nos últimos 15 dias. A Secretaria tem ciência da situação que envolve a saúde pública em todo o estado do RS e atua para proporcionar o melhor atendimento possível ao usuário dos serviços de saúde.
Temos profissionais na saúde comprometidos em dar atendimento digno ao cidadão encantadense e para tanto, exigimos que esses trabalhadores sejam respeitados no seu ambiente de trabalho. Por vezes, acabam prejudicados por discursos inflamados de agentes políticos que maldizem o trabalho dos profissionais sem a devida comprovação dos fatos.
Discurso e prática que muitas vezes não condizem com a realidade. A Secretaria trabalha com fatos reais, que demandam técnica e o cumprimento da legislação e protocolos, muitas vezes de maior complexidade, que não se resolvem com discursos fáceis, e sim, com dedicação, trabalho, transparência e responsabilidade, que é atestada pelos órgãos de controle, sem nenhum apontamento nos últimos anos. O serviço de saúde pública funciona e está atendendo as pessoas. Não podemos permitir que desacreditem em todo o trabalho realizado pelos profissionais da saúde”.
Se bem entendi os pagamentos aos profissionais estão em dia seguindo um cronograma que é auditado tecnicamente.
Dengue
O vereador Marino Deves usou a tribuna e também deu destaque aos casos de dengue no município e cobrou mais ação por parte da secretaria de saúde. Afirmou que a dengue é uma doença evitável e direcionou a culpa na falta de organização e liderança da prefeitura de Encantado. O vereador também salientou que é desde 2020 existia o perigo da dengue no município.
Culpados
Estamos pagando caro pela falta de atenção com o mosquito transmissor da dengue. Era sabido, há anos, que um dia a dengue chegaria na região e o caso foi negligenciado. Pode até ser que em 2020 o Vale do Taquari entrou no chamado caráter de infestado como disse o vereador Marino Deves, porém existe desde 2002 o “Programa Nacional de Controle da Dengue” que surgiu para direcionar e ampliar o combate ao mosquito e os devidos tratamentos, pois o Programa de Erradicação do Aedes Aegypti iniciado em 1996 já se mostrava incapaz de responder a complexidade epidemiológica da dengue. Foram diversos governos municipais que deixaram de atuar e combater os focos dos mosquitos que se mostravam presentes há muitos anos. Sim, hoje Encantado está infestado de mosquitos que estão transmitindo a doença e na região os casos crescem dia a dia.
Plano
O prefeito Jonas Calvi deve contratar empresas especialistas no combate do mosquito, a proposta já existe. A primeira fará o monitoramento integrado do Aedes. Trata-se de um sistema que permite acompanhar a infestação e circulação viral no Aedes com armadilhas para capturar fêmeas grávidas do mosquito com a utilização de um atraente sintético de oviposição.
Também é feita a virologia em tempo real que cria segmentos específicos de DNA. A análise detecta a presença dos vírus da Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela. As vistorias são semanais que geram índices de infestação, gráficos, mapas e tabelas. Com isso pode se fazer a gestão de identificar as áreas de risco e atuar com mais eficiência o controle do vetor. O outro programa tem por finalidade introduzir um mosquito macho que carrega um gene autolimitado que cruza com a fêmea e impede a sobrevivência da prole feminina.
Climão
Durante a sessão desta semana da Câmara de Vereadores de Encantado estava sendo discutido o projeto chamado “Casa Legal” que recebeu seis emendas de vereadores. Em dado momento o presidente Sander Bertozzi colocou aos vereadores a possibilidade de votar o projeto com as emendas ou a devolução do projeto ao executivo para correção. Depois disso o vereador Marino Deves fez uma dura crítica ao trabalho do presidente Sander: “O senhor me desculpe, mas o senhor não está exercendo o papel de presidente da Câmara, o senhor aqui vem transmitindo um pedido do executivo, não para votar, mas para aprovar as emendas, isso não é o seu papel, quem sabe o senhor deixa esse papel pelo menos para a liderança de governo.
O senhor quase que estrangula o trabalho dos vereadores que querem votar contra ou querem fazer uma ponderação ou querem inclusive pedir vistas, não é o seu papel (…) isso aqui é inadmissível e vou dizer a Câmara de Vereadores não é um puxadinho do executivo e é o que está parecendo ser”. Na sequência deu para se ouvir até as moscas voando até que o Sander se defendeu: “Colega Marino, meu colega de bancada, eu estranho suas palavras, que dia entrou este projeto 15 de dezembro de 2022, onde está o trabalho dos vereadores, nas seis emendas feitas pelos vereadores desta Casa, se eu tivesse pedido para votar lá em março ou fevereiro aí sim seria um puxadinho do executivo”. Sinais dos tempos, ou talvez, dos acordos.
Descrédito
Outro ‘bafão’ foi quando o vereador Duda do Taxi tirou os créditos dos vereadores que assinaram as emendas ao projeto da “Casa Legal”, as quais foram colocadas como ‘trabalho dos vereadores’ pelo presidente Sander Bertozzi: “Eu vou concordar com o senhor num ponto que o senhor falou a respeito das emendas, mas parabenizar quem fez as emendas que foi o jurídico da Casa, não ‘foi’ os vereadores que fizeram não, não vem dar mérito para vereador aqui que não fizeram emenda não, quem fez as emendas foi o jurídico da Casa, fez as emendas e pediu para assinar”. Durma com um barulho desses.
“A reputação de mil anos pode ser determinada na conduta de uma hora”. -Provérbio japonês
