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#NolimarPerondi | O sábio pode mudar de opinião, o idiota nunca

Inovação

O Jornal Força do Vale, de Encantado, estará completando quarenta anos em setembro. Como colaborador há mais de vinte anos, testemunhei o jornal superar desafios, incluindo as enchentes de setembro passado e maio deste ano, que danificaram equipamentos, mobiliário e arquivos históricos. Mesmo assim, o Força do Vale se renova e inova para melhor informar seu público. Com um investimento significativo, especialmente para um jornal interiorano, montamos um estúdio de áudio e vídeo para transmitir debates e entrevistas durante as eleições municipais. Após esse período, novos projetos no formato de televisão serão transmitidos pelas redes sociais, Facebook e YouTube. Embora o alcance ainda seja modesto comparado a outros meios consolidados, estamos propondo um trabalho inovador que pode abrir oportunidades para novos talentos da região.

Debate

O primeiro trabalho no novo estúdio de áudio e vídeo do Força do Vale ocorreu no domingo, 25 de agosto, com o debate entre os três candidatos à prefeitura de Encantado: Luciano Moresco (PT), Jonas Calvi (PSDB) e Paulo Costi (PP). Foram três blocos com confrontos diretos, perguntas de populares e questionamentos do jornal. Os candidatos administravam o tempo entre perguntas, respostas e comentários. Achei interessante e diferente dos tradicionais tempos fechados para cada participação de candidatos. Um debate leve, com os candidatos ainda se experimentando, muito natural por ser o primeiro confronto entre eles. Nenhum trabalho para o mediador, no caso eu, e nada para a banca avaliadora de possíveis recursos, composta pelo advogado Décio Luis Fachini e jornalistas.

Respostas

Como a dinâmica do debate privilegiava o confronto entre os candidatos, não era trabalho do mediador intervir nas respostas. No entanto, muitas deixaram a desejar em termos de complemento, especialmente quando o assunto tratava de planos de mitigação das enchentes e deslizamentos de morros, um problema que ganhou maior relevância após os eventos de maio deste ano.

Entrevistas

Depois do debate, iniciamos as entrevistas com os candidatos à prefeitura de Encantado. Na segunda-feira, entrevistamos Luciano Moresco (PT) por 64 minutos. Na terça-feira, foi a vez de Jonas Calvi (PSDB) e, fechando esta primeira rodada, Paulo Costi (PP). Cada um falou sobre seu partido, coligação, acertos e desacertos na pré-campanha e programas de governo. Foi um tempo importante para cada um responder dentro de suas características pessoais e visão política.

Análise

No jornalismo, quando uma proposta de um candidato é surreal ou de difícil execução, costumamos dizer que é “vender terreno na lua”. A região foi abalada por eventos naturais como nunca antes vistos, destruindo a várzea e tudo que estava próximo. Nos morros, houve mortes e destruição, abalando a comunidade atingida, que legitimamente exige dos próximos mandatários uma solução. As soluções para eventos novos e destrutivos não são práticas – e é aí que ocorre a tal venda na lua. Surgiu a ideia de dragar o Rio Taquari como solução para as enchentes, que está sendo vendida à população como uma ação de desassoreamento suficiente para resolver o problema. Não existem estudos técnicos que apontem isso ou qualquer outra intervenção como solução. Projetos desta magnitude, além de serem extremamente onerosos, requerem responsabilidade e qualificação de profissionais de diversos ramos, incluindo engenharia civil, ambiental, hidrologia, geologia, sociologia, entre outros.

Cautela

Uma frase que frequentemente uso, de Otto von Bismarck, estadista e diplomata prussiano, é: “Nunca se mente tanto quanto em véspera de eleições, durante a guerra e depois de uma caçada”. Baseado neste ensinamento, caros eleitores, busquem saber como, quando e com que recursos o seu candidato promete tal obra ou serviço.

Críticas

O debate e as entrevistas em áudio e vídeo do Jornal Força do Vale, transmitidos pelo Facebook e YouTube, permitem que os seguidores comentem. Durante o trabalho ao vivo, não tenho como acompanhar, pois estou mediando ou entrevistando. Após o trabalho, não costumo ler todas as mensagens, mas sou informado sobre elas. Com mais de 40 anos de experiência em rádio, jornal e televisão, sempre defendi o direito à livre expressão, mesmo me dando o direito de contestar, concordar ou não. A experiência modelou minha tolerância, especialmente quando o tema é passional. Pouco contribui discutir ou tentar responder a uma crítica quando existe paixão ou interesse próprio. Por outro lado, não transijo com minha profissão, mesmo diante de conflitos.

Nuntium

Existe um provérbio latino que diz: “Ne nuntium necare”, que significa “não mate o mensageiro”. Surgiu, segundo se sabe, quando Dario III, rei da Pérsia, determinou a morte do mensageiro que informara que seus guerreiros sucumbiram ao exército de Alexandre, o Grande. Outros tiranos optavam por cortar a língua dos portadores de más notícias, acreditando estar “eliminando o mal pela raiz”. É importante analisar essa motivação no contexto da disputa política local, onde existe um notório descontentamento quando a realidade contraria os desejos.

Indico

Uma campanha política depende de um candidato minimamente preparado, com estratégias, preparo e marketing bem ajustado para explorar seu potencial. A capacidade de oratória ajuda, mas não é tudo. A simplicidade na condução de uma conversa e o interesse em buscar soluções podem ser o melhor caminho.

Moda

O termo ‘narrativa’, substantivo feminino, está virando moda entre políticos. Na maioria das vezes é utilizado de forma equivocada, servindo como muleta em discursos rasos e com pouco conteúdo. Está sendo usada como ferramenta para atacar e defender teses absurdas. Na campanha política, “não há o que não haja”.

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