Em referência ao Dia do Professor, comemorado ontem, a Secretaria da Educação (Seduc) promoveu, na quarta-feira (16), o Seminário de Carreira Docente. Com foco na valorização profissional, o encontro reuniu diferentes setores da área de educação, incluindo especialistas, gestores públicos e representantes de universidades, para debaterem políticas públicas e articularem ações conjuntas sobre os temas que envolvem a profissão de professor. No evento, foi lançado o programa Nosso Docente. A iniciativa da Seduc busca aprimorar as etapas do estágio supervisionado nas escolas estaduais, estabelecendo novos critérios e diretrizes para o acompanhamento e acolhimento dos estagiários.
Realizado no auditório da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o evento teve a participação da titular da Seduc, Raquel Teixeira; do reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira; do diretor de Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Ulysses Teixeira; da titular-adjunta da Seduc, Stefanie Eskereski, além de reitores e pró-Reitores de graduação de universidades do RS. Na plateia, também estiveram presentes coordenadores regionais da Educação, professores da Rede Estadual e estudantes de cursos de licenciatura. Os painéis foram transmitidos ao vivo pelo canal TV Seduc RS no YouTube.
Na fala de abertura, Raquel destacou os objetivos do seminário. “A ideia deste dia é, antes de tudo, ser uma homenagem aos professores. A questão da carreira é complexa, implica em vários aspectos. Temos que pensar, quando falamos em valorização, na qualidade da formação que o professor dispõe. Com as mudanças no perfil dos alunos que saem da Educação Básica, é natural que se altere também o olhar sobre a formação docente”, enfatizou.
Nosso Docente
O programa Nosso Docente surgiu como resposta à demanda da Rede Estadual por maior sistematização no processo de formação dos professores. Conforme os dados mais recentes do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), menos de 20% dos concluintes de licenciaturas presenciais afirmam ter realizado as 400 horas de estágio obrigatório.
O programa inclui a criação dos professores-mentores de estágio, servidores que serão capacitados com um curso específico para acompanhar e orientar os licenciandos durante o período de prática nas escolas. Os módulos de capacitação dos mentores abordarão competências e propostas de atividades para auxiliar o desenvolvimento do trabalho dos estagiários em sala de aula. Também será disponibilizado um painel de vagas de estágio, permitindo que os estudantes escolham as escolas de acordo com sua preferência e a disponibilidade de vagas.
“O grande objetivo do programa é fortalecer os laços entre as redes de Educação Básica e Superior, para que os dois lados se sintam co-responsáveis pela formação do estagiário. Esse é o melhor caminho para melhorarmos a qualidade dos nossos professores”, resumiu Raquel.
Em debate
Para além da capacitação técnica, o seminário tratou ainda das transformações na educação, como inovações pedagógicas e processos de aprendizagem. Um dos pontos de preocupação foi o fenômeno de sobra de vagas nas licenciaturas em universidades públicas, bem como o fechamento de cursos em instituições privadas. As discussões abordaram medidas para reverter esse quadro, com a criação de projetos estratégicos voltados à formação de professores e à permanência na graduação.
Segundo Ulysses Teixeira, os dados do INEP demonstram que existem cerca de 4 milhões de vagas anuais em todos os cursos de licenciatura do país e que apenas 40 mil professores são formados a cada ano, o que representa um rendimento de 1%. Por isso, ele apresentou os detalhes do novo formato do Enade, que começará a ser implementado este ano.
“A missão do INEP é produzir evidências educacionais. Então, nós estamos aqui justamente para apontar o que está dando certo e o que está precisando de reforço para auxiliar a produção de políticas públicas e as decisões em todos os níveis”, ressaltou Ulysses.
Denominado Enade das Licenciaturas, o exame será anual e avaliará os cursos que formam professores para a Educação Básica. Além das provas teóricas, haverá uma avaliação prática, envolvendo estudantes, supervisores e orientadores de estágio. As principais mudanças serão nas matrizes de referência das provas, que serão centradas nas competências docentes.
Durante a tarde, houve dois painéis com os: Integração entre Universidades e Escolas Estaduais e O Papel do Estágio Supervisionado na Formação Docente.