No cenário político argentino, um importante evento se avizinha: as Eleições Primárias, marcadas para o próximo domingo. Esse processo eleitoral, que equivale a uma ampla pesquisa prévia às eleições gerais de outubro, ganha destaque em meio à crescente frustração e desinteresse por parte dos eleitores devido à inflação de três dígitos e ao aumento da pobreza que assolam o país.
As primárias, conhecidas por sua natureza de votação aberta e obrigatória, desempenharão um papel crucial na definição do cenário político. Além de determinar o candidato que liderará a disputa dentro do bloco de oposição conservadora, também confirmarão o candidato da coalizão governista peronista, figura esta representada pelo ministro da Economia, Sergio Massa. Outro foco da atenção recai sobre Javier Milei, candidato libertário, cujas pontuações elevadas em pesquisas levantam questionamentos sobre sua verdadeira conexão com o eleitorado.
Nas movimentadas ruas da capital Buenos Aires, a indecisão é notável entre muitos eleitores. Essa ambivalência reflete os resultados das pesquisas, que evidenciam um alto grau de incerteza. Em um contexto no qual as tradicionais alianças peronistas e conservadoras são questionadas por muitos, os eleitores moderados observam com apreensão a ascensão de Milei.
Um olhar para o passado revela que as Eleições Primárias de quatro anos atrás trouxeram um resultado surpreendente, com uma vitória avassaladora da oposição. Essa reviravolta abalou os mercados e desencadeou uma crise econômica. Entretanto, a probabilidade de tal cenário se repetir é reduzida desta vez, considerando a votação fragmentada que torna a obtenção de um resultado claro mais desafiadora.
Facundo Nejamkis, do instituto de pesquisa Opina Argentina, ressalta: “É altamente provável que uma segunda rodada seja necessária, e as chances de uma vitória no primeiro turno em outubro são mínimas.” Ele prevê que os dois principais blocos deverão obter entre 28% e 35% dos votos, com Milei se aproximando dos 20%.
Para vencer a eleição geral marcada para 22 de outubro, os candidatos presidenciais precisarão conquistar 45% dos votos no primeiro turno, ou 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Caso contrário, um segundo turno ocorrerá em novembro, cenário mais provável.
Nas pesquisas, o bloco conservador Juntos pela Mudança apresenta-se na liderança geral, dividido entre o prefeito moderado da cidade de Buenos Aires, Horacio Larreta, e a ex-ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Logo atrás, está a coalizão governista União pela Pátria.
No entanto, os analistas alertam para a apatia dos eleitores, indicando a possibilidade de grandes mudanças ao longo do processo eleitoral, uma vez que muitos permanecem indecisos. As Eleições Primárias deverão fornecer uma indicação mais precisa do cenário provável para a eleição geral de outubro, refletindo a dinâmica política e os desafios enfrentados pelo país.