As enchentes no Rio Grande do Sul resultaram em um número de óbitos 22,7% maior do que a média nacional registrada ao longo de 2023. De acordo com a Defesa Civil estadual, 162 pessoas perderam suas vidas até esta quarta-feira (22) nos 467 municípios afetados. Esses números contrastam com os 132 óbitos relacionados a eventos de chuvas em todo o país no ano passado, conforme dados do Sistema Integrado de Informações sobre desastres (S2ID).
Os números, divulgados pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) durante uma reunião de avaliação e previsão de impactos de eventos extremos em janeiro de 2024, destacam a gravidade da situação no estado sulista.
Além das mortes, o Rio Grande do Sul ainda contabiliza 75 desaparecidos, e mais de 581,6 mil pessoas foram desalojadas desde abril, o que representa mais de 20% da população do estado diretamente afetada pelas chuvas. Cerca de 68 mil pessoas estão em abrigos.
Previsão de mais chuvas e frio
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê o retorno de chuvas intensas ao Rio Grande do Sul até esta sexta-feira (24). Espera-se que o volume supere os 100mm em algumas áreas, ultrapassando as expectativas para este período. Rajadas de vento acima de 80 km/h e queda de granizo também são esperadas em alguns locais do estado, devido ao deslocamento de uma frente fria na região.
Essas novas precipitações podem impactar o nível do Guaíba, que registrou um volume abaixo de 4 metros pela primeira vez desde 3 de maio, um período de quase 20 dias. Vale ressaltar que o Guaíba atingiu dois picos de cheia neste ano, em 5 de maio e no último dia 14, com registros históricos. A chamada “cota de inundação”, considerada segura pelas autoridades, é de 3 metros.
Eventos climáticos extremos
O Brasil enfrentou um aumento significativo no número de desastres naturais em 2023, conforme dados do Cemaden. No total, foram contabilizados 1.161 eventos de desastres, dos quais 716 estavam associados a eventos hidrológicos, como transbordamento de rios, e 445 a eventos geológicos, como deslizamentos de terra.
Economicamente, os prejuízos causados pelos desastres naturais entre 2013 e 2023 totalizaram R$ 639,4 bilhões às cidades brasileiras, segundo o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Paulo Ziulkoski. No entanto, o governo federal direcionou apenas R$ 9,5 bilhões para a prevenção desses desastres, equivalente a 1,49%.