O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil já apreendeu cerca de R$ 400 mil em dinheiro e mais de 400 quilos de drogas apreendidas, 15 armas de fogo e quatro veículos, além da prisão de 16 traficantes, desde o começo da apuração sobre a facção criminosa que atua no condomínio residencial popular Princesa Isabel, em Porto Alegre. Conhecido como Carandiru, o complexo habitacional fica no limite entre os bairros Azenha e Santana.
Ao amanhecer desta quarta-feira (05), a operação A Vero Domino foi desencadeada sob coordenação do delegado Gabriel Borges. Dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos no local. Os agentes recolheram sete quilos de drogas, sendo dois quilos de cocaína e cinco quilos de maconha, bem como R$ 400 em dinheiro, três revólveres, uma pistola, munições, telefones celulares, rádios comunicadores, balanças de precisão e embalagens.
Em torno de 95 policiais civis foram mobilizados e tiveram apoio do helicóptero da Polícia Civil na execução das ordens judiciais. Um suspeito foi preso. Segundo o diretor de investigação do Denarc, delegado Alencar Carraro, os traficantes usavam idosos para armazenar os entorpecentes nos apartamentos do condomínio. “Apreendemos três vezes drogas e armas com uma senhora de 77 anos”, lembrou.
“Alguns dos investigados têm participação nos ataques envolvendo facções na Capital. Os líderes estão presos, sendo que um deles está em uma penitenciária federal inclusive”, observou. Conforme ele, o responsável pela movimentação do tráfico de drogas era um indivíduo que atuava na antiga vila Cabo Rocha. Apesar de nunca ter se mudado para o condomínio, ele teve amigos e familiares instalados no local, fazendo com que “o condomínio se tornasse sua principal área de atuação”.
Após a morte deste líder em um atentado cometido por facção criminosa rival, o comando do tráfico de drogas no Carandiru e demais áreas de atuação desta célula da facção passou a ser dividida entre duas famílias. Havia uma alternância no controle e lucratividade do tráfico de drogas de maneira pacífica, sendo feito um rodízio semanal de comando. “Nos últimos meses, em face de guerra instaurada entre facções criminosas atuantes em Porto Alegre, o condomínio tem sido palco de guerra aberta, na qual, inclusive, com emprego de armamentos típicos de guerra”, apontou o delegado Alencar Carraro.
Conforme o delegado Gabriel Borges, o trabalho investigativo iniciado em 2019 visa “apurar elementos informativos acerca de autoria e materialidade de infrações penais diuturnamente praticadas por célula da organização criminosa”.
Ele explicou que a facção estabeleceu-se no condomínio popular, cuja estrutura parece uma fortaleza e dificulta as ações policiais. “As práticas ilícitas ali desempenhadas pela organização criminosa dominante dividem espaço com crianças e adolescentes que ali moram, criando-se ciclo de aliciamento para ingresso ao crimes como novos soldados do tráfico”, avaliou.