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Lula reclama e diz que Eduardo Leite deveria agradecer pelo tratamento do governo federal ao RS

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou da distância que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), mantém do governo federal no processo de reconstrução do Estado depois da destruição causada pelas enchentes. O petista disse que Leite “nunca está contente”. Após a declaração, os dois trocaram farpas em evento para anúncio da aceleração das obras do Minha Casa, Minha Vida no Estado.

Leite tenta se equilibrar entre a necessidade de obter recursos da União para reconstruir o Estado e não se aproximar de Lula a ponto de incomodar o eleitorado antipetista, que é numeroso no Rio Grande do Sul.

“Eu, às vezes, fico incomodado porque o governador nunca está contente com as coisas. O governador deveria um dia me agradecer. Dizer ‘Lula, obrigado pelo tratamento que você está dando ao Rio Grande do Sul’, porque o Rio Grande do Sul nunca foi tratado assim”, disse o presidente da República.

Lula também fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário político. “É só ver se o Bolsonaro tratou o Estado do Rio Grande do Sul com respeito. É só ver se tem um metro quadrado de obra que o Bolsonaro fez aqui”, disse Lula. É importante para o petista enfraquecer Bolsonaro nas próximas semanas e meses para tentar reduzir as votações de bolsonaristas nas eleições municipais.

“Talvez eu não tenha feito por merecer ter mais voto que o Bolsonaro, talvez eu não tenha feito por merecer. Eu tenho, então, que me preparar para fazer por merecer. Agora, eu quero que o povo avalie quanto de dinheiro já veio para cá, quantos projetos já têm aqui”, afirmou o presidente sobre ter tido menos votos que seu adversário no Estado na eleição de 2022.

Lula também defendeu a resposta do governo federal às enchentes. Disse que não está havendo demora para a entrega de casas a atingidos pelas cheias. Ele também compartilhou a responsabilidade com prefeitos e com o governador.

“Não tem demora que as pessoas pensam que tem. Não se faz casa em uma semana, não é casa de papel. Se tem cidades que foram alagas e que as casas foram alagadas, por juízo você não pode construir a casa no mesmo lugar. Precisa encontrar um novo terreno. Novo terreno é encontrado pelo prefeito, ou encontrado pelo Estado”, declarou o petista.

Ele também disse que cobra o ministro das Cidades, Jader Filho, e o ministro Paulo Pimenta, que coordena as ações federais no Rio Grande do Sul, por mais agilidade.

“O prazo não depende de uma lei, de uma MP. O prazo depende da agilidade da prefeitura, da agilidade do governo do Estado e da agilidade do governo federal. Hoje vai estar aqui o ministro das Cidades. Eu tenho cobrado deles, tenho cobrado do Pimenta, que é muito importante a gente agilizar as casas”, disse ele.

Segundo o presidente, todos aqueles que perderam casas serão atendidos pelo Minha Casa, Minha Vida. Lula disse que as moradias serão feitas com empresas brasileiras, e que elas precisam ter agilidade.

Após a reclamação de Lula, Eduardo Leite rebateu e disse que a população gaúcha não é ingrata, mas que é de sua responsabilidade demandar do governo federal. “Temos essa característica de demandar muito, mas o povo gaúcho não é mal agradecido, não é ingrato. O povo gaúcho agradece todo apoio que recebeu, que recebeu da sociedade brasileira e que recebeu do seu governo”, disse Leite, durante anúncio da aceleração das obras do Minha Casa, Minha Vida, no Rio Grande do Sul, também nessa sexta.

Leite elencou que, nos últimos anos, “as dores que o Rio Grande do Sul sofreu”, citando o atraso no pagamento de salário a servidores, a pandemia da covid, a seca em 2023 e as enchentes no começo deste ano. “São recorrentes os episódios que dificultam a prosperidade no nosso Estado”, disse.

“Agradecemos o apoio que são alcançados, mas também sabemos o que é de direito da nossa população, do nosso Estado”, rebateu. “Quando a gente demanda, não se trata de algo pessoal, se trata da demanda.” Segundo ele, seu cargo é como um “porta-voz” da população.

Ao agradecer o apoio dado pelo governo federal, o governador pontuou também que ainda há muita burocracia que inviabiliza que os recursos cheguem à ponta.

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