As análises preliminares conduzidas pelo Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) não identificaram infecções por HIV nas amostras de 288 doadores de órgãos, que haviam sido inicialmente avaliadas pelo Laboratório PCS Saleme. Apesar dos resultados, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que uma nova bateria de testes será realizada devido à gravidade do caso.
De acordo com nota da SES, o Hemorio decidiu reexaminar todas as amostras para garantir que não haja qualquer dúvida quanto à ausência de contaminação. Os laudos definitivos serão emitidos ao final dessa segunda etapa de análises, que está em andamento.
O caso veio à tona após seis pacientes transplantados no Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio de Janeiro contraírem HIV ao receberem órgãos de doadores infectados, o que não foi detectado nos testes do Laboratório PCS Saleme. A falha gerou investigações por parte da Polícia Civil do Rio, da Polícia Federal, da Anvisa e do Ministério da Saúde, em busca de responsáveis pela contaminação.
No domingo (20), a coordenadora técnica do laboratório, Adriana Vargas dos Anjos, foi presa na segunda fase da Operação Verum, acusada de envolvimento na emissão de laudos errôneos. Outros quatro funcionários do laboratório já haviam sido presos na primeira fase da operação, incluindo o médico Walter Ferreira, sócio do PCS Saleme.
As investigações indicam que o laboratório reduziu a frequência de testes para cortar custos, comprometendo o controle de qualidade. O processo de contratação do laboratório também está sendo investigado por uma força-tarefa do governo do estado.
O Ministério da Saúde ressaltou que o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) segue normas rigorosas para garantir a segurança dos procedimentos, sendo responsável por cerca de 88% dos transplantes realizados no Brasil pelo SUS.