Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem cerca de 36 milhões de hipertensos, mas esse número pode ser 50% maior. O motivo é a falta de sintomas, que faz com que muitas pessoas não procurem tratamento.
“Como a hipertensão é, muitas vezes, um problema silencioso, pois é assintomática, pode ser agravada. As pessoas se enganam quando pensam que dor de cabeça é sinal de pressão alta. Já fizemos muitas campanhas preventivas aferindo a pressão, e várias pessoas que não se queixavam de dores de cabeça eram hipertensas”, adverte o presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (Socergs), Dr. Fábio Cañellas.
O médico indica a aferição de pressão periodicamente até mesmo para quem costuma apresentar pressão normal – 13 por 8 – , de acordo com as novas diretrizes das Sociedades de Cardiologia. Cañellas explica que a média das medidas durante o dia deve ser de até 135 por 85 e durante o sono até 12 por 7. “A pressão arterial pode alterar em diferentes fases da vida e é um importante fator de risco que não podemos descuidar. A hipertensão, o colesterol alto e o diabetes formam a tríade de vilões das doenças cardíacas.”
A hipertensão é apontada como o principal fator de risco em 80% dos casos de AVC – Acidente Vascular Cerebral e em 47% dos infartos no país. Entre as causas mais frequentes estão o sedentarismo, a alimentação rica em sal, industrializados, fast food e refrigerantes, e o tabagismo. Obesidade e problemas renais também interferem.
“Para uma avaliação adequada é indicado fazer, anualmente, uma checagem clínica. Embora não exista uma idade que se preconiza iniciar o check-up cardiovascular, desde a consulta com o pediatra deve-se fazer uma avaliação cardiológica e medir a pressão arterial da criança. Eu recomendo solicitar um exame de sangue para avaliar o colesterol e o diabetes já a partir da adolescência, aos 16 anos”, diz o presidente da Socergs.
Para casos de avaliação completa, muitas vezes, é indicado fazer a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), que irá mapear a pressão arterial da pessoa por 24 horas enquanto ela está fazendo suas atividades normalmente, inclusive ao dormir. “Esse exame irá aferir os picos médios de pressão arterial e, caso seja identificado que o paciente é hipertenso, poderá ser indicada a aferição em casa, periodicamente, assim como o tratamento medicamentoso”, concluiu o cardiologista.