Quem ultrapassou a marca dos 60 anos e ainda não fez revisão com um cardiologista está atrasado em, pelo menos, duas décadas. O ideal é se submeter ao primeiro check-up do coração ao entrar na década dos 40 anos. Mulheres têm 10% a menos de risco cardiovascular, mas alcançam o patamar dos homens com a menopausa. Dito isso, pode-se falar no que motiva a preocupação dos especialistas com a saúde cardiovascular.
Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A estimativa é de que, em 2030, essas enfermidades provoquem mais de 23 milhões de mortes em todo o planeta, principalmente nos países menos desenvolvidos. Tome-se o exemplo do Brasil: óbitos causados por doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), são mais numerosos do que todas as mortes decorrentes de câncer, causas externas (violência e acidentes), doenças respiratórias e infecções, conforme o Ministério da Saúde.
Na terceira idade, aumenta a prevalência de hipertensão, que está diretamente relacionada a infarto e AVC. Ter o cuidado de verificar a pressão regularmente é fundamental. Hipertensos devem medi-la uma vez ao mês, e aqueles que não têm pressão alta, anualmente. Sem provocar sintomas, a doença exige observação atenta, alerta o cardiologista Fábio Cañellas Moreira, chefe do Serviço de Ecocardiografia da Santa Casa de Porto Alegre e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul (Socergs).
Menos estresse, mais emoções positivas
Além da alimentação equilibrada e da prática regular de exercícios, recomendações que constam de toda lista para uma vida saudável (leia mais abaixo), o manejo do estresse e o investimento em boas relações afetivas e sociais são práticas imprescindíveis. Cláudio Domênico, cardiologista do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, doutor em Cardiologia e autor de Em Suas Mãos — Escolhas e Renúncias para Viver Melhor e com Mais Saúde (Editora Intrínseca), ressalta que emoções negativas trazem doenças, para as quais o antídoto são as emoções positivas.
Como melhorar a saúde do coração
1. Faça um check-up do coração
Se você já passou dos 60 anos e ainda não fez uma revisão cardiovascular, agilize-se. Pode ser com um cardiologista ou com outro médico visitado regularmente, como clínico geral, geriatra, ginecologista ou endocrinologista.
2. Verifique a pressão periodicamente
Se você não tem hipertensão, basta uma medição ao ano. Caso já apresente pressão alta, procure verificá-la uma vez por mês, preferencialmente em um posto de saúde.
3. Faça exercícios com regularidade
Exercitar-se é fundamental para manter bons níveis de colesterol e açúcar no sangue, entre outros incontáveis benefícios. Tenha em mente que qualquer volume de atividade física é melhor do que nenhum — e quanto mais, melhor. A OMS recomenda, por semana, de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada ou 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica de vigorosa intensidade, sem esquecer que o fortalecimento muscular (musculação) também é essencial e deve ser realizado pelo menos duas vezes por semana. Um comportamento muito sedentário pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, daí a importância de incluir movimento no maior número possível de atividades diárias.
4. Promova uma alimentação equilibrada
Uma orientação simples resume boa parte das recomendações para uma alimentação saudável: desembale menos, descasque mais. Ou seja, consuma menos produtos processados e ultraprocessados, comprados em embalagens, e prefira frutas e legumes, entre outros itens com origem nas plantas.
5. Mantenha o peso adequado
Alcançar e manter um peso saudável para a sua altura contribui muito para reduzir a pressão arterial, diminuir o risco de desenvolver diabetes e ajudar a controlar o colesterol.
6. Pare de fumar
Além do pulmão, o coração é um dos maiores prejudicados pelo tabagismo. A hipertensão também está relacionada ao hábito de fumar.
7. Diminua o nível de estresse e priorize emoções positivas
Na terceira idade, uma das fontes de preocupação e tristeza é a mudança brusca da rotina com a chegada da aposentadoria. Esse período da vida precisa de planejamento. Procure preencher seus dias com atividades e pessoas capazes de lhe proporcionar sensações boas.
8. Preste atenção a sua saúde
Ninguém conhece melhor o seu corpo e o funcionamento do seu organismo do que você mesmo. Esteja atento a mudanças e possíveis fatores de risco para doenças – agir antes, e rapidamente, é sempre a melhor iniciativa para o diagnóstico e o tratamento. Monitore seus principais índices com o médico de referência ou em um posto de saúde.
Fatores de risco para problemas cardiovasculares
- Pressão alta
- Colesterol elevado
- Diabetes
- Sobrepeso e obesidade
- Tabagismo
- Sedentarismo
- Alimentação inadequada
- Consumo de bebida alcoólica
- Idade a partir de 60 anos