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Pesquisa em parceria com Santa Casa de Porto Alegre desenvolve software que auxilia no diagnóstico de câncer de colo do útero

O equipamento é portátil e identifica lesões — Foto: Vinícios Sparremberger/ Santa Casa

A Santa Casa de Porto Alegre participa de pesquisa que está desenvolvendo equipamento que opera a partir de um software que identifica áreas com suspeita de lesões, auxiliando no diagnóstico do câncer do colo do útero. O estudo está na segunda fase, que prevê a validação do Colposcópio Multimodal Portátil e contará com 760 pacientes.

“Esse equipamento consegue identificar quais são as áreas de maior risco para lesão pré-câncer ou de câncer mesmo, câncer invasor no colo do útero das mulheres”, explica a médica Mila Salcedo, pesquisadora do serviço de ginecologia e obstetrícia da Santa Casa de Porto Alegre e do M.D. Anderson Cancer Center (USA).

De acordo com a pesquisadora, a primeira etapa aconteceu na Santa Casa e no Hospital do Câncer de Barretos e contou com 300 pacientes. Esta segunda fase, que teve início em dezembro, também acontece nos dois hospitais e tem previsão de dois anos. O projeto ainda tem parceria com a Rice University (USA), University of Texas M.D. Anderson Cancer Center (USA) e Calla Health (USA).

A pesquisadora explica que na primeira parte do estudo foi desenvolvido o algoritmo. “As imagens utilizadas estavam ensinando o software e, agora, essa segunda fase do estudo […] é pra validar a performance geral desse equipamento com identificação de áreas de maior risco para biópsia“, comenta.

A intenção, conforme a pesquisadora, é a “eliminação do câncer do colo do útero, que é uma bandeira levantada pela Organização Mundial da Saúde”, uma vez que já existe prevenção desenvolvida.

“O câncer do colo do útero tem uma prevenção primária e secundária bem estabelecida. Já existe vacina para o câncer do colo do útero, tem desenvolvida a parte da prevenção secundária, que é quando a gente diagnostica essas lesões pré-câncer e a gente tem tempo para agir” , afirma.

A médica reconhece, no entanto, que ainda há muitas gerações que não foram vacinadas contra o Papilomavírus Humano (HPV), que precisam ser tratadas para as lesões pré-câncer e o equipamento que está sendo desenvolvido “vai auxiliar na eliminação do câncer do colo do útero”.

Cooperação

A pesquisadora destaca a colaboração entre instituições de diferentes países, que permitirá a utilização do dispositivo em diversas regiões do mundo, sendo opção tanto para países com mais recursos, com diagnósticos mais ágeis e precisos, quanto em países com menos recursos e profissionais como patologistas, que avaliam a parte do tecido que é retirado nas biópsias.

“A intenção deste equipamento é de, no futuro, em países em que não tem um médico patologista ou que tem dificuldade de se conseguir essas técnicas, esse equipamento possa suprir essa demanda da falta de recurso para o patologista ou para o material da patologia”, diz.

A médica entende que, estimulando a colaboração entre essas diferentes instituições no mundo, novas pesquisas devem surgem. Além disso, o fato de o equipamento ser portátil, torna mais fácil a utilização em vários locais.

“Assim que a gente conseguir mostrar que o equipamento está adequado e validar a performance do equipamento em todas essas áreas, aí sim, ele pode passar para a fase de ser utilizado não só em estudos, na pesquisa, mas também uso clínico em todas as regiões” , explica a pesquisadora.

Câncer do colo do útero

O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do HPV. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a infecção genital por esse vírus é frequente e na maioria das vezes não causa doença.

Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer, que podem ser descobertas no exame preventivo, conhecido como Papanicolau. Conforme o INCA, é o câncer do colo do útero está entre os de maior incidência entre as mulheres. A incidência estimada para 2022 a partir da localização primária do tumor, coloca este tipo como o terceiro no país.

O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, o Ministério estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.

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