A inclusão de uma área em Quarta Colônia e outra em Caçapava do Sul como geoparques mundiais reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) elevou para três as unidades com tal status no Rio Grande do Sul. O Estado agora lidera o ranking brasileiro em número de infraestruturas assim certificadas.
Até então, somente três outras unidades federativas dispunham do selo: Caminhos dos Cânions do Sul (divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina), Seridó (Rio Grande do Norte) e Araripe (Ceará, Pernambuco e Piauí). Há outro geoparque à espera de reconhecimento: Raízes de Pedra, também localizado na Região Central do mapa gaúcho.
O anúncio foi feito durante a 216ª reunião do Conselho Executivo do órgão, em Paris (França), após um longo processo conduzido pela comunidade das regiões abrangidas. Isso inclui representantes das esferas pública e privada – a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está na lista.
No ano passado, uma equipe de avaliadores da Unesco esteve no Rio Grande do Sul para conhecer os atrativos turísticos, culturais e históricos dos locais, que justificam a confirmação do status de geoparque mundial. O órgão reconhece a singularidade geológica das regiões e contribui para a construção de uma estratégia de desenvolvimento.
O título funciona como incentivo à conservação do patrimônio natural e cultural, à educação para o meio ambiente, à geração de renda por meio de iniciativas privadas e ao empreendedorismo, bem como ao turismo sustentável.
Potencial
O anúncio relativo à Unesco foi feito durante a 2ª Conferência Estadual do Turismo (Confetur). Para o secretário do setor no Rio Grande do Sul, Vilson Covatti, o reconhecimento é resultado de iniciativas como a valorização de atrações segmentadas, especialmente as de natureza e paleontologia:
“Estamos apoiando o desenvolvimento do turismo nessa região, destinando recursos para aperfeiçoamento da infraestrutura turística e contribuindo para que ela se torne mais conhecida tanto no Estado como no Brasil e no Exterior”.
O secretário de Cultura e Turismo de Caçapava do Sul, Stener Camargo, contou que o processo para candidatura a geoparque começou há mais de dez anos, com pesquisas científicas sobre os potenciais regionais:
“Temos um processo de engajamento da comunidade para trabalhar o pertencimento e fazer com que a população possa explorar esses destinos de forma sustentável, gerando economia e renda”.
“Estamos trabalhando em diversas frentes para capacitação da rede do turismo, assim como para ajustar pontos em relação à proteção ambiental”, explica Camargo. “. Temos muita potencialidade, mas ainda não contamos com a infraestrutura que julgamos adequada para os atrativos existentes. Projetamos intervenções no prazo de cinco a dez anos, contando com o apoio que já vem sendo dado pelo governo estadual.”
A partir de agora, os novos geoparques começam a operar de forma integrada com a Rede Mundial de Geoparques, trocando informações e recebendo capacitações para se aperfeiçoar tecnicamente a fim de desenvolver o turismo local e continuar com o título concedido pela Unesco.
Desde o ano passado, a Secretaria de Turismo (Setur) coordena o Comitê Estadual de Geoparques, grupo que busca transformar o tema em uma política pública de Estado e conta com integrantes de secretarias do Executivo estadual e representantes de outras instituições.
A vice-diretora do Geoparque Mundial da Unesco da Quarta Colônia, Michele Vestena, lembra que territórios considerados geoparques observaram o turismo aumentar em até três vezes:
“Por estarmos dentro de uma rede mundial, ganhamos uma visibilidade muito grande. Um dos motivos do turismo na Quarta Colônia são os fósseis, mas o nosso território tem muitas outras potencialidades capazes de fazer com que as pessoas o procurem”.