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#Alexandre Garcia | Lições Municipais

Consolidou-se no segundo turno a força do centro-direita que se espalhou pelos municípios brasileiros no primeiro. A esquerda encolhe, e o símbolo do PT se transforma em uma estrela cadente. O mais significativo é que o partido não teve sequer candidato à Prefeitura de São Paulo, onde foi criado, tendo que apoiar o candidato do PSOL, que não elegeu prefeito algum. Dos 39 municípios da Grande São Paulo, região operária e berço de sindicatos, o PT ficou com apenas uma prefeitura, assim como o PDT e o PSB. Lula nem foi a São Bernardo votar, e a alegação oficial foi que, aos 78 anos, ele já não era obrigado; seria melhor ter admitido o motivo real o risco de viajar com hematoma intracraniano.

O segundo turno mostrou quase empate em Fortaleza, Pelotas e Ribeirão Preto, onde a diferença foi de apenas 687 votos. Casos que poderiam exigir recontagem manual, se isso fosse possível. Em Camaçari, Campo Grande, Olinda e Caxias do Sul, o resultado foi parecido: um apertado 51% a 49%. No primeiro turno, todos os eleitos já eram prefeitos; no segundo, repetiu-se o favoritismo de quem já detinha o poder municipal em Palmas, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Partidos mais à esquerda, como PSTU, PCB, PCO, além do PSOL, não elegeram prefeito algum, e o PSDB, o PDT, o PCO e o Cidadania (ex-PCB) também ficaram fora de prefeituras de capitais. O PT ficou apenas com Fortaleza e ocupa a nona posição em prefeituras.

Curitiba demonstrou que uma pessoa sem fundo partidário, sem dinheiro, boicotada pela mídia e, na prática, uma candidata avulsa, pode chegar ao segundo turno com 43% dos votos válidos. Cristina Graeml disputou com o vice-prefeito, que contava com o apoio do prefeito, do governador e de ex-governadores, e destacou-se pela determinação e coragem, como uma candidata oriunda de aspirações populares e não de diretórios partidários e acordos políticos. Embora não tenha sido eleita, é considerada vitoriosa.

Na maior eleição, também surgiu um personagem sem biografia partidária, Pablo Marçal, que quase foi para o segundo turno, mas, ao insistir em participar da decisão, acabou se perdendo. Ele acabou cedendo palanque a um dos candidatos, evidenciando seu objetivo de promoção pessoal, e, com erros de tática e estratégia, perdeu o que havia conquistado. Em Goiânia, o governador Caiado demonstrou sua força para 2026 ao derrotar o candidato de Bolsonaro e do deputado Gustavo Gayer, que, abalado pela visita da Polícia Federal, atribuiu sua derrota a Caiado, chamando-o de “canalha” nas redes sociais. Essa reação emocional ignora que, se o centro-direita se dividir, abre espaço para a esquerda em 2026. Dividir o centro-direita será a estratégia da esquerda neste pré-2026, desde que, por sua vez, resolva seus próprios rachas. O vice-presidente do PT afirmou que escolher Boulos como candidato foi um erro, e o articulador político do governo, Alexandre Padilha, após uma avaliação com Lula, ironizou a fraqueza eleitoral do partido. A presidente do PT respondeu nas redes sociais que Padilha deveria se preocupar com seu próprio trabalho, que também prejudicou o PT. As relações entre Gleisi e o Palácio do Planalto parecem estar na mesma temperatura da conexão entre Bolsonaro e Caiado.

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