Um boletim publicado pela Fiocruz, instituição responsável pela análise dos dados da pandemia no Brasil, na terça-feira, alerta para o agravamento dos indicadores da pandemia do coronavírus no país. Segundo os cientistas da fundação, houve um aumento nos casos e óbitos e sobrecarga simultânea dos sistemas de saúde no Brasil.
“Este crescimento rápido a partir de janeiro vem conformando o pior cenário no que se refere às taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos em vários Estados e capitais que concentram a maior parte dos recursos de saúde e as maiores pressões populacionais e sanitárias que envolvem suas regiões metropolitanas”, afirma a Fiocruz.
O Observatório Covid-19 da fundação analisou a pressão sobre o sistema de saúde e as UTIs e afirmou que este pode ser apenas o começo de um cenário mais grave. “A questão de sobrecarga nos sistemas de saúde é uma preocupação desde o início da pandemia, e agora, principalmente, deve-se olhar para estes indicadores como um alerta real. Os dados são muito preocupantes, mas cabe sublinhar que são somente a ‘ponta do iceberg’. Por trás deles estão dificuldades de resposta de outros níveis do sistema de saúde à pandemia, mortes de pacientes por falta de acesso a cuidados de alta complexidade requeridos, a redução de atendimentos hospitalares por outras demandas, possível perda de qualidade na assistência e uma carga imensa sobre os profissionais de saúde”, aponta o grupo.
Para os cientistas, é necessário acelerar a produção da vacina e esclarecer à população sobre a sua importância, além de adotar normas mais rigorosas de restrições de atividades e reforçar as medidas de mitigação (higiene, uso de máscaras e distanciamento social).
Lotação nas capitais
Os dados do Observatório Covid-19 Fiocruz mostram que, das 27 capitais do país, 20 estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos de 80% ou mais.
Segue a lista das capitais e os índices de ocupação dos leitos UTI Covid: Porto Velho (100%), Rio Branco (93%), Manaus (92%), Boa Vista (82%), Belém (84%), Palmas (85%), São Luís (91%), Teresina (94%), Fortaleza (92%), Natal (94%), João Pessoa (87%), Salvador (83%), Rio de Janeiro (88%), Curitiba (95%), Florianópolis (98%), Porto Alegre (80%), Campo Grande (93%), Cuiabá (85%), Goiânia (95%) e Brasília (91%), Macapá (72%), Recife (73%), Belo Horizonte (75%), Vitória (75%), São Paulo (76%).
“A sobrecarga no sistema de saúde impacta a qualidade dos serviços, o acesso da população aos cuidados de saúde, seja para a própria Covid-19, seja para outros problemas, e resultados assistenciais. Também impacta os próprios trabalhadores da saúde.”, explica a fundação.