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Encantado tem 57 táxis, mas usuários reclamam da falta de disponibilidade

Foto: Livia Oselame / Jornal Força do Vale

É sábado à noite, o expediente em um estabelecimento no centro da cidade encerra e as trabalhadoras precisam ir para casa. A carona costumeira não está disponível e não há nenhum problema nisso, porque em Encantado existem dezenas de táxis disponíveis. Num cenário ideal, em poucos minutos as três colegas de trabalho embarcariam num desses veículos e rumariam para casa. Só que não! Já na primeira tentativa de contato, ninguém responde, e isso ocorre em quatro tentativas. São 21h30min e dos quatro contatos que uma das pessoas dispõe em seu celular, nenhum profissional de táxi atende a chamada. Com outro recurso alternativo de transporte, as colegas chegam a casa após expediente exaustivo.
A situação acima ocorreu de fato e instigou o Jornal Força do Vale a conhecer a estrutura do serviço de táxi disponível na cidade que busca se projetar no cenário turístico nacional.

57 táxis
Encantado conta com 57 taxistas, 42 atuando na zona urbana e 15 na zona rural do município, distribuídos em 29 pontos. Os principais pontos são a Rodoviária e a Praça da Bandeira e, não obstante, as pessoas que utilizam o serviço têm o contato de seus taxistas na palma da mão, ao acesso do celular. “O serviço de táxi é para estar disponível 24h por dia, sete dias por semana”, diz o fiscal da prefeitura, André Konrad.

“O serviço de táxi é para estar disponível 24h por dia, sete dias por semana”, diz o fiscal da prefeitura, André Konrad.

Ele reconhece, entretanto, que cada taxista estabelece seu ritmo de trabalho, tendo autonomia para definir dias e horários à disposição da clientela. “Fora do horário, só atendo mediante agendamento”, diz o taxista Neucir José Titon (63), que está lotado no ponto da rodoviária de segunda a sexta, das 6h às 18h30min, 19h. “Se não é agendado, mas é pessoa que conhecemos, até fazemos a corrida; mas se não conhecemos, eu não faço, porque é muito arriscado; vários colegas já se colocaram em situação de risco”, completa Felipe Queiroz (36).

“Se não é agendado, mas é pessoa que conhecemos, até fazemos a corrida; mas se não conhecemos, eu não faço, porque é muito arriscado”

Situações constrangedoras
Esse posicionamento ganha eco na opinião de Luciano Damásio (50). No ramo há pouco mais de um ano, já passou por situações constrangedoras envolvendo o pagamento do serviço por parte de clientes, bebidas, assédio, destinos arriscados como ponto de venda de drogas, entre outros. “Querem que a gente leve até o Cristo Protetor, que espere 40 minutos, uma hora, e não querem pagar R$ 40; não busco em fim de bailes porque já causaram problemas no interior do meu carro; sem contar que 90% dos chamados de madrugada são para ir a bocas de fumo; eu não levo em nenhum desses casos porque levo a sério meu trabalho, preservo meu veículo, minha reputação, porque atendo também muitas famílias, transportando filhos, netos, esposa… a cidade é pequena e temos que manter um bom conceito”, relata.
Os cuidados com o exercício da profissão parecem se repetir entre os taxistas independentemente do gênero ou do tempo em que atuam.
Novato assim como Damásio é Félix Tort (48). Ele atua há menos de um ano e diz que é dever, sim, do taxista, não negar corrida, mas também não somos obrigados a enfrentar situações de risco. “Em situações suspeitas, eu também não levo; quem é nosso cliente, tem nosso contato; mas também não dá para generalizar, porque tem muita gente boa que de fato precisa dos nossos serviços de forma urgente; tudo é uma questão de avaliar e de sentir o momento”, explica.

Foto: Livia Oselame / Jornal Força do Vale

Mulheres no volante
Andréia de Freitas (31) saía do hospital com a filha pequena e, sem ter se organizadocom o transporte para voltar para casa, se rendeu ao serviço de táxi. Ela não é cliente da taxista Magda Regina Marcolin, mas encontrou nela a solução que precisava naquele momento. “Estava dentro do meu horário de trabalho, era uma situação segura e transportamos com alegria”, diz Magda, a segunda taxista mulher de Encantado. Magda elegeu colocar-se à disposição de seus clientes de segunda a sexta-feira, das 6h às 18h. “Mas cliente fidelizado, se precisar em outros horários, a gente se organiza e dá um jeito.”

PANDEMIA AMPLIOU DEMANDA
No contraponto dos demais taxistas, outro profissional do ramo, o Duda do Taxi, trabalha há mais de 20 anos no ramo e só deixou de trabalhar à noite há menos de dois anos, depois que elegeu-se vereador. “Até então, sempre trabalhamos, inclusive no noturno, e nunca tivemos problema nem de riscos nem de constrangimentos, mas a pandemia favoreceu os atendimentos de dia porque ampliou a demanda”, avalia.
Segunda-feira, os vereadores avaliam o projeto de autoria de Duda, que prevê ajustes na identificação dos táxis de Encantado.

Turismo ainda não impactou
Diretamente ligado ao turismo, o serviço de táxi, entretanto, ainda não sente o impacto da intensa movimentação ao Cristo Protetor nos finais de semana. “Os turistas ainda estão vindo em grupos de excursão, mas a tendência é que a visitação doméstica – a que se utilizará do serviço, cresça, gerando demanda para estes profissionais”, diz a turismóloga do município, Lizeli Bergamaschi. “Pensei que já no começo teríamos aumento da demanda do turismo, mas é um incremento que virá aos poucos”, avalia a taxista Magda.

Foto: Livia Oselame / Jornal Força do Vale
Fonte: Prefeitura Municipal de Encantado
Fonte: Prefeitura Municipal de Encantado

Continua na próxima edição. 

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