A Petrobras anunciou que fará ajustes nos seus preços de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras, a partir de hoje (11). Em nota divulgada à imprensa, a empresa informa que “vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda”. Com isso, o preço do litro de gasolina sobe de R$3,25 para R$3,86, um crescimento de 18%. O diesel sobe 24,9% de R$3,61 para R$4,51. Segundo a empresa, o aumento se deu por conta da disparada do preço do petróleo internacionalmente após o início da guerra na Ucrânia.
“Agora é uma questão de desespero”, resume Wallace Landim, o Chorão, presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores) e um dos líderes da greve de caminhoneiros de 2018.
O Plenário Aprovou ontem o projeto de lei que cria regras para estabilização dos preços de combustíveis (PL 1472/2021). O projeto cria um sistema de bandas de preços, que limitará a variação, e uma conta federal para financiar essa ferramenta. Além disso, estabelece um auxílio de até R$ 300 mensais para motoristas autônomos de baixa renda. O projeto segue para a Câmara dos Deputados.
Em 2016, a Petrobras adotou o chamado preço de paridade de importação (PPI), durante o governo de Michel Temer. O modelo foi estabelecido após a empresa passar anos praticando preços controlados, sobretudo no governo de Dilma Rousseff (PT). O controle de preços era uma forma de o governo mitigar a inflação, mas causou grandes prejuízos à petroleira.
Em 2018, durante a greve dos caminhoneiros, o modelo de paridade passou a ser bastante questionado. Mas, naquela ocasião, o governo optou por manter a política de preços, subsidiando temporariamente o diesel através de um desembolso de R$ 4,8 bilhões. Quando questionado se há ímpeto para greve entre os caminhoneiros após o reajuste desta quinta-feira, o presidente da Abrava lembra que diversas conquistas da categoria na paralisação de 2018 ficaram só no papel.
‘É inflação na veia’
Diante da nova alta dos combustíveis, economistas avaliam que a inflação em 2022 pode chegar a 7,5%: “É inflação na veia, porque o diesel é usado no agronegócio, no frete, no transporte público urbano, fora o aumento da gasolina. Isso pode desencadear novos reajustes em outros segmentos, então esse 7,5% é até meio ingênuo, pois não estou levando em conta nenhum outro efeito indireto.”, relata André Braz, coordenador de Índices de Preços na FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro se eximiu de responsabilidade pelo reajuste: “No mundo todo aumentou [o preço dos combustíveis]. Eu não defino preço na Petrobras. Eu não decido nada, não. Só quando tem problema cai no meu colo”, disse a apoiadores.
Os novos valores passam a ser cobrados a partir da hoje (11/3) nas refinarias e distribuidoras.
Fonte: Agência Senado e BBC News