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O plano nacional dos fertilizantes e a agricultura conservacionista, por Letícia Piccinini

Queda do dólar

Nas últimas semanas, o dólar teve queda atingindo valores abaixo dos R$ 5. Por um lado, com a valorização do real, pode haver um cenário negativo para quem comprou insumos na alta, e agora possui grãos para venda com valor de produto em baixa. No entanto, nesta semana o dólar voltou a subir, devido ao cenário global de guerra, que pressiona a inflação. Diante deste cenário de incertezas e dificuldades, percebe-se a importância de sempre que possível, intercalar a compra de insumos para a produção, diminuindo o risco de compra de insumos no momento de alta, principalmente dos insumos dolarizados.

Relação de troca

O adiantamento da compra de insumos, principalmente de adubos, vinha crescendo no Brasil até 2019. Conforme melhorava a relação de troca, ou seja, quantidade necessária de determinada commodity, para compra de 1 tonelada de adubo, mais se intensificava a compra antecipada de insumos. Porém, os preços altos dos fertilizantes tem achatado a relação de troca de grãos e adubo, o que reduziu a antecipação das compras de insumos, no Brasil. Em relação ao ano passado, na mesma época, a venda de adubos está 16% inferior.

Renagro

A partir de outubro desde ano, entrará em vigor o Registro Nacional de Tratores e Máquinas Agrícolas (Renagro). O registro de tratores e automotores agrícolas é obrigatório para os modelos fabricados a partir de 2016 e que transitem em via públicas, dispensando o licenciamento e o emplacamento dos veículos. Os benefícios do registro são a facilidade de encontrar as informações sobre o veículo, dando segurança para compras e vendas e auxiliando na identificação de furtos. Ainda, é fundamental que as máquinas estejam em conformidade com as dimensões permitidas para trânsito em via pública, sendo altura máxima de 4,40 metros, largura de até 2,80m e comprimento de até 15m, além do motorista condutor possuir carteira de motorista do tipo B, C, D ou E.
O cadastro é gratuito, sem impostos ou juros, e pode ser feito através do aplicativo ID Agro, em que o produtor recebe um QR code para identificar mais facilmente o veículo automotor registrado.

Plano nacional dos fertilizantes e agricultura conservacionista

Visando reduzir a dependência externa de fertilizantes, que hoje é de 85%, e nos próximos 50 anos deverá ser de 45%, foi lançado recentemente o PNF. O Plano traça as referências para o planejamento do setor até 2050. As diretrizes do plano abordam uma política fiscal favorável para o setor ampliar a produção de fertilizantes, como também a produção de tecnologias em relação a produtos “emergentes”. Assim, traz oportunidades para as indústrias brasileiras em relação a produtos relacionados, como fertilizantes organominerais, fertilizantes orgânicos, bioinsumos, biomoléculas, entre outros. O infográfico ao lado traz as diretrizes do PNF 2050.

Mas o que são bioinsumos?

Os bioinsumos são organismos vivos, tais como bactérias, vírus e insetos, que podem cumprir funções benéficas dentro de um sistema agrícola. Podem ser usados em complementação ao insumos convencionais, ou substituição aos insumos convencionais, como é o caso da agricultura orgânica. Há anos utilizado na agricultura brasileira, a inoculação de sementes de leguminosas, como soja, feijão e trevos com bactérias específicas, permite que a planta em simbiose com a bactéria, utilize o nitrogênio disponibilizado gratuitamente no ar para fixar no solo e converter em produção vegetal.

Estas bactérias também permitem o maior crescimento de raízes, explorando com maior eficiência o espaço do solo, alcançando mais nutrientes e diminuindo o estresse hídrico para a planta em caso de secas. Esta prática também é utilizada na cultura do milho e outros cereais de verão e inverno, ainda que com menos eficiência se comparado à soja, em que a totalidade do nutriente nitrogênio é obtida através do solo e inoculação.

Portanto, devido a inoculação com bactérias na soja, não é necessária a adubação com nitrogênio, como no caso de milho e demais gramíneas. Que com o PNF possamos ver estas indústrias crescerem nos próximos anos, tornando a agricultura, em seus diversos elos e atividades, setor pujante de nossa economia, cada vez mais forte, produtiva e sustentável.

Safrinha

As lavouras de soja avançam em área colhida no Estado, passando dos 14% da área cultivada segundo dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural. A estimativa de produtividade é de 1.460 kg/ha (24 sacos/ha), representando 55% de produtividade a menos da expectativa inicial. A colheita do milho no RS está em ritmo lento, visto que as lavouras de safra já foram colhidas e as lavouras de safrinha estão em desenvolvimento. Em nossa região, as lavouras de milho safrinha estão com desenvolvimento satisfatório, devido às recentes chuvas, e em muitas áreas com a expectativa de produção sendo superior ao obtido na safra.

Semeadura de pastagens de inverno na região

Com a abertura de áreas, após a colheita das lavouras de milho e de soja, tem início a semeadura das pastagens de inverno. Espécies como trigo e aveias para pastejo, já tem sido semeadas, e em algumas propriedades que realizaram plantios antecipados, já estão prestes a receber o primeiro pastejo. Neste ano de insumos com preços altos, torna-se ainda mais importante o manejo da pastagem, visando respeitar as alturas de entrada e saída, sem ocorrer rebaixamento excessivo da pastagem (rapamento do pasto).

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