A eficácia da dragagem como solução para inundações em grandes rios do Rio Grande do Sul está sendo questionada pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em nota técnica divulgada pelo IPH, especialistas alertam para os custos elevados e potenciais impactos adversos dessa medida.
De acordo com o IPH, a dragagem, embora eficaz em pequenos cursos d’água urbanizados como o Arroio Dilúvio em Porto Alegre, apresenta resultados incertos em grandes rios como o Guaíba, Jacuí e Taquari. Além do alto custo, que pode atingir centenas de milhões de reais, há o risco de reassoreamento rápido após o procedimento, exigindo novas intervenções frequentes.
Outra preocupação destacada é a possibilidade de desestabilização das margens e aumento das inundações em áreas antes não afetadas. Estudos abrangentes de impacto ambiental são fundamentais para mitigar esses riscos e evitar danos aos ecossistemas locais.
Os pesquisadores do IPH recomendam uma avaliação criteriosa antes de optar pela dragagem como medida de controle de cheias. É essencial responder a três questões principais: a existência de assoreamento significativo, a eficácia real da dragagem na redução dos níveis e duração das cheias, e a viabilidade econômica e ambiental comparada a outras alternativas de prevenção de desastres.
Para embasar decisões futuras, o IPH propõe levantamentos batimétricos detalhados, estudos de modelagem hidrodinâmica e uma análise cuidadosa dos custos e benefícios a longo prazo. Essas medidas são cruciais para garantir uma abordagem técnica e cientificamente fundamentada na gestão dos recursos hídricos do estado.