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Descendentes de artista que trouxe parte da Itália de volta ao Vale conhecem obras do avô

Arquiteto, pintor, escultor e calculista, o Italiano Ângelo Fontanive foi responsável por criar no Brasil e na  região Sul, especialmente no Vale do Taquari, obras de característica italiana através dos anos 30, trazendo de volta aos imigrantes parte de suas raízes. Agora, a família investe no resgate da história de vida do italiano.

No último sábado (07), os netos de Fontanive, os primos Benito, José Ângelo e Carla, estiveram no Vale para conhecer as obras do avô nas cidades de Itapuca, Putinga e Ilópolis. “É uma emoção muito grande, é nossa raiz”, resumiu José, contemplando o interior da igreja de Itapuca, projetada pelo avô e que até então ele e os primos não conheciam.

Ângelo Giovanni Baptista Fontanive nasceu em 1901, no vilarejo de Taibon, na Itália. Já formado pela Escola de Belas Artes de Veneza, em 1926 partiu para o Brasil em busca de oportunidades. Considerado “renascentista” pela busca da perfeição na retratação artística, seu talento para a arquitetura, engenharia e arte pode ser acompanhado em cidades gaúchas como Ilópolis, Putinga, Nova Roma do Sul, Vespasiano Corrêa, Colorado, Sarandi e Tapejara, onde comprovadamente atuou.

O neto, Benito, que quando criança conviveu com Ângelo, conta que o avô era um homem reservado e humilde, que não costumava falar de suas obras. “Muitas das obras que ele fez só passaram a ter sua assinatura por pressão da própria família”, contou. Os demais motivos estão relacionados ao período da Segunda Guerra Mundial, que impediu que a vasta obra pudesse ser mais conhecida.

Fontanive teve 5 filhos, mas apenas a caçula, mãe de Carla, ainda vive. Os descendentes seguiram carreiras semelhantes à do artista, “temos arquitetos e engenheiros na família”, explicou Benito, que atualmente vive em Curitiba.

A história de Ângelo Fontanive se tornará filme através do documentário “De Roma para Putinga”. O projeto está sendo executado cineasta Ilopolitano Cleber Zerbielli, que dedicou 25 anos de sua vida ao estudo da imigração italiana e seus aspectos. O nome é uma alusão ao trajeto artístico do italiano. Ângelo Fontanive reproduziu com fidelidade, em Putinga, algumas obras características do período renascentista italiano, que até então só podiam ser vistas na própria Itália. “Milhões de pessoas viajam a Roma para visitar estas obras. Porque não visitam Putinga?”, propõe Cleber.

Na família, o principal apoiador do documentário é José Ângelo, que hoje vive em Porto Alegre. “Foi José quem fez toda articulação com a família no sentido das autorizações, afinal, trata-se de uma obra biográfica e naturalmente há de ter o consentimento dos descendentes”, explica Zerbielli.

Expectativa pela Estreia

A captação de recursos para o lançamento do projeto iniciou em 2019. A duração prevista é de 30 minutos, um média-metragem. “O mais legal de um documentário é que ele vai crescendo como um leque e não se sabe o tamanho total”, explica Cleber. “Pretendemos ter ampla projeção e discussão regional para que todos saibam primeiro da existência deste artista e claro, sua importância”, finaliza.

O cineasta conta ainda que as filmagens em Roma já foram realizadas. Com diversos relatos e histórias esquecidas pelo tempo, o filme pretende promover debate histórico nas cidades em que Fontanive produziu suas obras; além de valorizar o patrimônio artístico destas cidades; tornar conhecido o trabalho do artista e o “movimento de arte sacra” trazido por ele e perpetuado por seus alunos ao longo dos anos.

A execução deste projeto é possível, pois conta com patrocínio de Baldo S/A, Lojas Benoit, Distribuidora Meridional de Motores Cummnis S/A e Três Tentos Agroindustrial. A realização é da M. Horn e da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo – Governo Federal – Ordem e Progresso.

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