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Calçados Beira Rio retoma atividades após prejuízos milionários na enchente
“Quando prefeito de Igrejinha, draguei o rio da cidade e nunca mais tivemos enchente tão grande. Estou disponibilizando uma retroescavadeira de duas caçambas para fazer isso aqui no Taquari” – Roberto Argenta, presidente da Calçados Beira Rio
Recomeçar e avançar
Calçados Beira Rio reinaugurou sua filial em Roca Sales, marcando a retomada oficial de suas operações. A cerimônia ocorreu em um dos pavilhões da indústria e contou com a presença do diretor- presidente da empresa calçadista, Roberto Argenta, do prefeito Amilton Fontana além de outros prefeitos da região, autoridades federais e estaduais.
Menos de um mês após a inundação, onde foi contabilizado um prejuízo superior a 30 milhões de reais, a produção foi retomada primeiramente nos setores de corte, costura e montagem e trubta. Outubro iniciou com a indústria operando quase 100% de sua capacidade produtiva. A filial 12, como é denominada a unidade localizada na Cidade da Amizade, emprega quase 800 funcionários diretos e aproximadamente 1,1 mil indiretos nos ateliês terceirizados espalhados pela região.
Em seu discurso, Argenta agradeceu a toda a equipe que, desde o primeiro dia pós-enchente, auxiliou no processo de limpeza e reconstrução da estrutura. “Agradeço a cada uma de nossas pessoas que, desde o primeiro dia, estiveram retirando barro e lama, assim como aos nossos fornecedores, que imediatamente reformaram as máquinas, nossa diretoria, gerente Juarez e tantas outras pessoas. Muito obrigado a todos”.
O presidente da indústria também cobrou mais agilidade dos órgãos na liberação de recursos. “Quero saber quanto dinheiro foi disponibilizado. Vieram para cá de jatinho para tirar fotos, e, pelo que sei, não chegou nenhum recurso aos municípios”, pontuou.
Em seguida, ressaltou que, quando foi prefeito em Igrejinha, realizou a dragagem do rio que passa pelo município. O empresário afirmou que a obra teve sucesso e que não houve mais enchentes de grandes proporções na região. O gestor também prometeu enviar gratuitamente uma retroescavadeira e duas caçambas para realizar a dragagem quando o nível do rio diminuísse.
A retomada
João Henrich, há 26 anos, era o gerente da unidade e inaugurou a empresa pela primeira vez, tornando o momento de reinauguração de grande importância. Hoje em dia ele é o diretor industrial da fábrica” Com o esforço de muitas pessoas envolvidas, conseguimos retomar nossa produção normal em um tempo recorde, praticamente 28 dias.”
De acordo com o diretor, o processo de retomada ocorreu em diversas etapas” Temos um fluxo de produção, iniciando com o corte e a costura, seguido de um período de processamento em terceiros, que são nossos parceiros ateliêres. Uma semana após a montagem, enfrentamos desafios com os equipamentos, já que 658 deles foram danificados. A remontagem, com a ajuda de nossos fornecedores e a recuperação dos nossos próprios equipamentos”, ressaltou.
Henrich avalia que, nos próximos dias, o trabalho será retomado integralmente. “Embora poucas pessoas tenham parado, muitas já estão buscando emprego aqui, o que nos permite prever que retomaremos a produção em sua totalidade, ou até mesmo com um aumento em relação aos níveis anteriores” destacou.
“Agradeço todos os dias”
Trabalhando há 26 anos na empresa calçadista, Ivana Machado da Silva teve, além de ver seu local tomado pela inundação, teve sua casa própria destruída pelas águas. “Não perdi muitos móveis porque consegui tirar algumas coisas de dentro da residência, mas o telhado e o forro todo foram embora. Minha casa ficou completamente submersa”contou. Ivana é revisora e afirmou que teve medo nos primeiros dias de que a empresa não fosse reabrir. “Estou aqui desde a inauguração há 26 anos atrás. Tive medo de que não fosse abrir novamente, pois o estrago para eles foi grande também. Estar nessa reinauguração é emocionante. Agradeço todos os dias pelo trabalho que tenho”, comentou.
A colaboradora passou todo o momento da cerimônia emocionada. “Tudo o que o Sr. Roberto falou é muito comovente. A Beira Rio que ele construiu, faz parte da nossa vida. A fábrica voltar a funcionar depois da tragédia, é começo do recomeço de nossa cidade”.