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Histórias de Natal: ”Obrigado, Jesus, por permitir que eu voltasse a enxergar“

 

ÀS VÉSPERAS DO NATAL, uma das datas mais significativas do calendário mundial, o que não faltam são mensagens de amor, de fé, de esperança e promessa de união e de paz. Os desejos abstratos, entretanto, tornam-se realidade à medida que descobrimos histórias reais que dão testemunho vivo do quanto a fé e a esperança promovem mudanças.

Uma dessas histórias de Natal é a de dona Ortenila Turatti Schusler. Ela é cidadã de Relvado e completou 90 anos em 10 de setembro deste ano. A festa reuniu a família e amigos próximos, de convivência diária. Como de costume, muitos presentes. Um, porém, garantiu a alegria de todos, tanto quanto da aniversariante: a volta da sua visão.

Cega duas vezes 

Ao longo de suas nove décadas de vida, dona Ortenila perdeu duas vezes a visão. Na primeira, ocorrida aos 21 anos, uma infecção ocular no olho esquerdo fez com que o médico retirasse-o para salvar o direito. Dali em diante, a dona de olhos azuis cristalinos passou a contar com a visão de apenas um olho, que mais adiante também se mostrou frágil e requereu tratamentos e diversas cirurgias. “Em todos os momentos, eu sempre clamava por Jesus”, diz, na entrevista realizada essa semana, ao recordar todos os momentos de sua vida.

Ela ficou cega por duas vezes. A primeira aos 21, ela lembra o quanto foi dificil, “lembro que a gente lavava a roupa no arroio e eu levava a Nadir, (filha mais velha) junto, ai eu mostrava a roupa e perguntava se estava limpa, ela apontava  se tinha sujeira e eu esfregava outra vez. Eu nunca perdi a fé e a esperança”. A segunda vez foi a partir dos 50 anos. Glaucoma, catarata e descolamento de retina foram os problemas que afetaram a visão do único olho.  A visão que começou a ficar esfumaçada foi sendo perdida aos poucos, e nos últimos dez anos precisou de ajuda para se locomover, até que na pandemia a perdeu a visão de vez. 

Todo o suporte, apoio emocional e físico foi e é prestado, diariamente, pela filha Adriana (50) e pelo genro Adriano Spagnollo, que moram com dona Ortenila. É Adriana que conduz a mãe aos locais que ela deseja frequentar e também na rotina da casa. Dos dias de total escuridão, Adriana recorda e se emociona: “Tinha que estar sempre junto, e eu estava, mas às vezes não ficava conversando e ela logo perguntava: taí Adriana? Era angustiante, muito triste, acredito que ainda mais para nós, que a víamos naquela situação”.

Aos 90, nova cirurgia 

Mesmo com a idade avançada, dona Ortenila sempre manteve firme sua fé e esperança na recuperação da visão na medida em que a família buscava uma nova cirurgia, pois havia uma possibilidade por parte da ciência. Até que o oftalmologista Nédio Castoldi encaminhou para um colega de Santa Cruz do Sul, que tinha o equipamento necessário realizar a cirurgia que poderia devolver boa parte da visão de Dona Ortenila. Cheia de coragem, a menos de 30 dias de completar 90 anos, ela quis enfrentar uma nova cirurgia e sua vontade foi realizada.

Algumas promessas foram feitas e a mistura de sentimentos e intensidades colocou na balança a força da fé e a intensidade do medo. No dia 17 de agosto ela foi operada, e no mesmo dia retornou a Relvado. Mas como o clamor de Jesus sempre está em evidência na vida desta senhora, dois dias depois, o curativo foi retirado pela filha Adriana e, em poucos segundos, a luz e as cores voltaram à vida, e a imagem da filha tornou-se visível ao seu único olho azul celeste.

 


 

O momento foi de paz para dona Ortenila, e de desconfiança para Adriana. “Eu queria ter certeza que ela estava enxergando, e comecei a perguntar sobre as coisas à volta; depois de algumas respostas assertivas, eu tive a certeza: a mãe voltou a enxergar!”

O aniversário de 90 anos ocorreu cerca de um mês depois e o assunto foi o mais comentado na festa. Entretanto, após celebrar, era chegado o momento de agradecer e cumprir as promessas feitas em nome da graça de voltar a enxergar. Uma delas era se deslocar de joelhos da entrada da igreja até o altar, tarefa que foi cumprida com gratidão pela filha. “Eu fui andando, devagar, ao lado dela, porque já não tenho idade para andar de joelhos”, relata Dona Ortenila. As demais promessas pagas foram realizadas pela filha na companhia da mãe. “Estamos juntas em todos os momentos, inclusive nesses, de profunda gratidão”, reconhece Adriana.

No dia 10 de setembro Ortenila Turatti Schüsller comemorou 90 anos ao lado dos filhos Vilson, Olvides, Nadir, Adriana, Enelita, Analete, Margane, Juliano, Elaine e Paulo. Quase todos moram em outros estados, então nesta oportunidade, 23 dias depois da cirurgia, ela pode ver o rosto de cada um de seus filhos. Emoção que escorreu pelo olho!

 

A emoção de enxergar novamente e conhecer o Cristo Protetor

O Cristo Protetor de Encantado era algo presente no imaginário de dona Ortenila. Ela já estava às escuras quando o monumento começou a ser erguido, mas o que faltava no olho sobrava nos ouvidos.

“Eu ouvia tudo o que falavam do Cristo, as notícias, o movimento das pessoas, o que ele estava representando para nós e desejei muito conhecer. Na festa dos meus 90 anos disse para o meu irmão que eu já conhecia o do Rio de Janeiro, e agora que voltei a enxergar, queria muito agradecer ao nosso Cristo pela graça alcançada. Hoje a gente foi lá e foi muito emocionante. Ele é muito lindo!”

 

 

Diante do maior Cristo do mundo, ela rendeu graças com os braços abertos e o coração batendo com forte emoção. Os que a acompanhavam sentiram a vibração do momento e, em seus mais íntimos sentimentos anunciaram: chegou o Natal!

 

 

 


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