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Moradores protestam pela retirada do Pedágio e prometem continuar lutando caso a concessão for aprovada

Às vésperas do governo do Estado fazer uma concessão de trinta anos para a ERS 129, cerca de 100 pessoas voltam para mais um protesto contra o pedágio de Palmas. Uma cidade dividida há 23 anos, maior custo para empresas e atraso no desenvolvimento econômico, social e inclusive educacional. São vários os motivos levantados pela população e autoridades para pedir pelo fim do pedágio. 

Praça de Pedágio de Encantado existe há 23 anos

Para a comunidade, as cancelas representaram, nesses 23 anos, um atraso de vida para os moradores. “Nos prejudicou muito, dividiu o Município e ficamos isolados do resto da população. Possuímos mercado, empresas e o União de Palmas, nosso clube de futebol, e tudo foi abandonado, porque ninguém mais investe. Todos que possam vir comprar no nosso bairro, no nosso comércio, não vem porque tem que pagar pedágio”, desabafa a moradora de Palmas, Michele Angela Shefer. 

Palmas sofre com a queda de sua economia. “Antes do pedágio, tínhamos moinho, dois minimercados, marcenaria funcionando. Todos com clientes de Encantado, Roca Sales, Muçum. No momento em que foram colocadas cancelas, esse cliente não se sentiu mais atraído e, devagarinho, as coisas não foram acontecendo mais”, expressou Ricado Klaus, comerciante e morador do bairro.

Alessandro Graff, dono da Plastical – Embalagens Plásticas, explica que o pedágio traz um custo que não é possível repassar ao cliente. “O cliente, para vir fazer a coleta, tem que pagar pedágio, custo que muitas vezes recai sobre a empresa, pois o pessoal não quer pedágio. Muitas vendas deixamos de fazer em função desse valor, acarretando em custos maiores”. Alessandro comenta também que não tem mais isenção, mesmo trabalhando na comunidade. 

“Isso impacta também na economia do município. antes o clube da comunidade tinha 300 associados, agora são 60. Não é só uma divisão econômica, é uma divisão também social”

Graziela da Silva de Melo, representante da Escola Municipal de Ensino Fundamental Batista Castoldi, de Palmas, comenta que a maior dificuldade que a instituição enfrenta é o acesso dos pais e professores. “Tudo dificulta, qualquer evento que temos na escola ou na própria comunidade, saímos perdendo”, complementa. 

Mario Signori, líder comunitário e comprador da Fontana S/A, passa todos os dias pelo pedágio: “Eu sou isento do pagamento, mas tem dias que demoro mais para passar o pedágio, que chegar na Fontana, onde trabalho. Às vezes fico cinco, seis minutos parado aqui, enquanto poderia já estar na empresa. E com a concessão, a isenção deixa de existir”. 

A concessão não abrange isenção

Nilson Friedrich, tenente da Brigada Militar, conta que, quando se mudou para Palmas, precisou entrar “com uma ação judicial, para que a EGR cumprisse uma resolução dela própria, na qual garantia isenção para os moradores”. Segundo a comunidade, várias pessoas não têm mais a liberação do pagamento. 

E no novo modelo, como explica Luciano Moresco, presidente do Codevat, “o Estado está propondo o fim da isenção às comunidades que ficam isoladas — exemplo é Encantado, que tem Palmas, e Cruzeiro do Sul, que também tem regiões que ficam afastadas”. 

Serviços precários

O presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari também explica que embora os pedágios, na sua instalação, vinham com a promessa do desenvolvimento, isso não aconteceu. “O desenvolvimento que eles prometiam eram investimentos, estradas melhores, duplicações, acessos e acostamentos. Isso não aconteceu. Na realidade, as pessoas pagaram para receber em retorno um serviço muito básico, muito abaixo do razoável, foram mínima manutenção, alguma roçada e pintura.

“No novo modelo não tem mais isenção. Então o cenário que já era ruim, tende a ser pior, no sentido de isolamento e travar o desenvolvimento”, acrescenta Moresco. 

“O pedágio é de Encantado, mas no programa da concessão de 30 anos, os primeiros cinco anos são para a duplicação entre Lajeado e Teutônia”, reclamou Mario Signori.

Apoio de entidades 

Participaram do protesto, Jonas Calvi, prefeito de Encantado, Álvaro Giacobbo, prefeito de Doutor Ricardo e presidente do G20, os vereadores Andressa de Souza, Joel Bottoni, Sandra Vian, Valdecir Cardoso, Eduardo Tartere, Marino Deves, Sander Bertozzi, Cris Costa e Diego Pretto, Luciano Moresco, presidente do Codevat e Alex Herold, representante da ACI-E.

“A comunidade de Encantado se organizou e está organizada para tirar a praça de pedágio daqui. (…) Para onde ela vai eu não sei, mas aqui, dividindo o município de Encantado da comunidade de Palmas ela não ficará”, afirmou o prefeito Jonas Calvi.

Joel Bottoni, vereador de Encantado que reside em Palmas, organizou o movimento e disse que a manifestação serviu para a população poder expressar seu sentimento e contar o que acontece na realidade dessas pessoas. “O pedágio representou 23 anos de atraso e muitas complicações ao não proporcionar crescimento e desenvolvimento a comunidade. Palmas é um bairro, é urbano, é do município de Encantado, mas por 23 anos ele está sendo dividido. Estamos aqui reivindicando e expressando um sentimento de perda, de limitações e de isolamento social”, comentou. “Que isso chegue nas autoridades para que possa impactar as decisões que serão tomadas ali na frente.”

Manifestação pacífica

Com duas horas de duração, o protesto fechou a praça de pedágio de Palmas para cobrar que as autoridades revejam onde é feita a cobrança da tarifa. 

Os manifestantes liberavam as cancelas a cada 10 minutos. Mesmo assim, filas de mais de 3 km de congestionamento foram formadas. Veículos de serviços de urgência e ambulância eram liberados.

“A nossa intenção é que o pedágio saia daqui. Não só para Palmas e comunidades vizinhas, mas também para o município de Encantado. Caso não sair e vier a privatização, não vamos parar de lutar”, concluíram os manifestantes. 

 

 

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