Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams vão ficar na Estação Espacial Internacional (ISS) até fevereiro de 2025, quando serão resgatados por uma espaçonave da SpaceX, informou a Nasa neste sábado (24). A dupla deveria voltar na Starliner, espaçonave da Boeing que apresentou problemas técnicos após acoplar na ISS. O retorno já havia sido adiado três vezes.
A Starliner retornará vazia à Terra no início de setembro com o piloto automático ativado, de acordo com Bill Nelson, chefe da Nasa. O sistema de propulsão da nave oferece muitos riscos para trazer a tripulação de volta em segurança, disse a agência espacial. A dupla de astronautas vai voltar em uma missão da Crew Dragon, da SpaceX, prevista somente para fevereiro do próximo ano. Dois assentos da nave estarão vazios, liberados para retorno de Wilmore e Williams.
A Nasa afirma também que astronautas profissionais sempre sabem que, ao partirem para uma missão, podem passar bem mais tempo no espaço do que o previsto inicialmente.
No caso de Butch Wilmore e Suni Williams, os dias estão “cheios”, diz a agência: a dupla está participando das pesquisas desenvolvidas por cientistas na estação espacial.
“Não foi uma decisão fácil, mas é absolutamente a correta”, completou Jim Free, administrador associado da Nasa.
A dupla foi enviada à ISS em 5 de junho, em uma missão de (supostamente) 8 dias, no primeiro voo tripulado da cápsula Starliner, da Boeing. Só que, segundo a agência, problemas nos propulsores e vazamentos de hélio bagunçaram todo o cronograma.
A escolha da Nasa pela SpaceX é uma das mais importantes nos últimos anos. A Boeing esperava que a missão de teste da Starliner trouxesse redenção à empresa, após anos de problemas de desenvolvimento e mais de US$ 1,6 bilhão acima do orçamento estimado desde 2016.
A Boeing também vem lidando com problemas de qualidade na fabricação de aviões comerciais, seu produto mais importante. A decisão da volta pela SpaceX foi tomada pela Nasa e discutida com a Boeing. “A Boeing disse que vai continuar a resolver os problemas quando a Starliner retornar”, disse Nelson.
A Boeing não participou da coletiva de imprensa da Nasa, mas disse, em comunicado, que “continua a focar, em primeiro lugar, na segurança da tripulação e da espaçonave. Estamos executando a missão conforme a determinação da Nasa e estamos preparando a nave para um retorno seguro e bem-sucedido sem a tripulação”.
A Starliner foi projetada para funcionar de forma autônoma e já tinha completado dois voos sem tripulação antes dos problemas na missão de junho.
Entenda
Butch Wilmore e Suni Williams decolaram no início de junho a bordo da Starliner e desde então estão na ISS, onde sua espaçonave permanece acoplada. A nave deveria trazê-los de volta à Terra 8 dias depois, mas problemas detectados em seu sistema de propulsão levaram a Nasa a questionar sua confiabilidade.
Há semanas que as equipes da Boeing e da Nasa realizam testes para entender melhor a causa dos problemas detectados em voo, principalmente nos propulsores da nave. A principal preocupação era que o Starliner não conseguiria atingir o impulso necessário para sair da órbita e iniciar sua descida à Terra. A nave retornará vazia.
Uma missão regular da SpaceX, chamada Crew-9, decolaria no final de setembro, mas com apenas dois astronautas a bordo, em vez de quatro. Permaneceria acoplada à ISS até o seu retorno planejado à Terra em fevereiro. Há dez anos, a Nasa encomendou uma nova nave espacial à Boeing e outra à SpaceX para transportar seus astronautas até à ISS. Com dois veículos disponíveis, haveria uma solução viável em caso de problemas em um deles.
Mas a empresa do magnata Elon Musk prevaleceu sobre a Boeing como o único táxi espacial americano nos últimos quatro anos. O primeiro voo tripulado da Starliner, que decolou com anos de atraso, seria o teste final antes de iniciar as operações regulares.