#CaliSchäffer | Os miseráveis
Victor Hugo foi um dos escritores franceses mais importantes da época do romantismo. Nasceu em 26 de fevereiro de 1802, em Besançon, na França, e faleceu em 22 de maio de 1885. Além de escritor famoso foi deputado, senador e um grande defensor da liberdade, dos valores humanitários, e um forte crítico da injustiça social. Conhecer sua biografia é algo fantástico.
Entendia que o homem tem três lutas a enfrentar no decorrer da vida, a religião, a sociedade e a natureza. São estas as nossas três guerras: é preciso crer, daí o tempo, é preciso criar, daí a cidade, e é preciso viver, daí os problemas decorrentes. Ou, simplificando, as nossas prioridades são as de ter que enfrentar os dogmas, as leis, e os problemas da vida.
Dentro desse esquema e nessa ordem de enfrentamento escreveu três livros que são verdadeiras obras primas. Denunciou o primeiro no Notre-Dame de Paris (a história do Corcunda de Notre-Dame). Mostrou o segundo nos Miseráveis, e analisa o terceiro em Os Trabalhadores do Mar, Em os Miseráveis ele faz forte crítica ao sistema judiciário da época.
Conta a história de Jean Valjean, um homem comum, que por precisar alimentar sua família rouba um pão da vitrine de uma padaria e é condenado a cinco anos de prisão por furto e arrombamento. Como tentou fugir diversas vezes da cadeia e nela tinha mau comportamento, sua pena foi aumentada para dezenove anos de trabalhos forçados.
Ao sair, é rejeitado por onde passa, pois todos sabem quem ele é, e do seu passado violento. É acolhido por um bispo que o ajuda, e mesmo assim dele rouba talheres e castiçais de prata. Preso novamente portando os objetos o bispo mente às autoridades dizendo que os havia dado a ele de presente. Daí em diante, Jean Valjean resolve mudar de vida. Muda de identidade e torna-se dono de uma fábrica na Alemanha, onde ninguém conhece seu passado. Apesar de ser agora outro homem, que ajuda as pessoas necessitadas e de ter construído um novo destino, vive assombrado pela possibilidade de ser descoberto. O inspetor Javert, um policial obcecado pela justiça, o persegue por muitos anos.
Na fábrica, Valjean conhece Fantine, uma moça que engravidou de um estudante e foi abandonada. Fantine resolve ter a filha, mas precisa deixa-la aos cuidados de outras pessoas. O salário que recebia na fábrica era a elas enviado mensalmente para atender aos cuidados da menina, que era agredida pelos cuidadores. Quando o supervisor da fábrica descobre o passado de Fantine a demite, e ela se vê obrigada a vender os cabelos, os dentes e até a se prostituir para sobreviver.
Ao saber da história Valjean resolve adotar a menina, e a criar como filha. Quando Valjean morre, a filha adotiva manda gravar no seu túmulo a seguinte homenagem:
Dorme. Viveu na terra em luta contra a sorte
Mal seu anjo voou, pediu refúgio à morte
O caso aconteceu por essa lei sombria
Que faz que a noite chegue, apenas foge o dia!
A edição que tenho de Os Miseráveis, em três volumes, é de fevereiro de 1962, da Editora Edigraf, época em que li a obra e nunca mais esqueci.
A história mostra, mesmo com o mundo inteiro hoje envolto numa nuvem negra de maldade generalizada, que os criminosos podem se recuperar, quando têm no coração mesmo que um mínimo de sensibilidade e de humanidade, e vontade de abandonar o crime.