Muçum e Roca podem mudar bairros de lugar
Com 4,6 mil habitantes, Muçum está passando por um processo desafiador de realocação de famílias afetadas pelas enchentes. Cerca de 200 famílias já estavam em processo de transferência desde as inundações de setembro e novembro de 2023. Os terrenos onde viviam, devastados pela força da água, foram considerados impróprios para novas construções e acabaram abandonados.
Agora, com mais duas cheias, a necessidade de deslocamento se tornou ainda mais urgente e abrangente. O número de desalojados ultrapassou mil habitantes no início da cheia. De acordo com a prefeitura, aproximadamente 600 pessoas ainda estão fora de suas casas, abrigando-se em residências de parentes ou amigos.
Plano de Realocação
O plano atual prevê que cerca de 40% da população do bairro Fátima e aproximadamente 60% do bairro São José precisarão ser remanejados. Embora não se trate de transferências de bairros inteiros, uma parte significativa da cidade consolidada terá de ser gradualmente realocada. O processo é complexo e demorado, envolvendo questões logísticas, financeiras e culturais.
Desafios e Soluções
Segundo o prefeito Mateus Trojan, o maior desafio é motivar as pessoas e empresas a permanecerem no município. “É difícil achar argumentos para que reinvistam nos mesmos lugares, por isso que o nosso grande desafio é acelerar o processo de expansão urbanística e de alternativas para esse nicho. Não tem nem como cogitar migrar toda a cidade de lugar, é extremamente complexo, oneroso e exige tempo para superar cada etapa, cada processo. Nossa missão é conseguir dar celeridade a essas primeiras etapas e facilitar investimentos da iniciativa privada que servirão de alternativa a outros também”, comenta.
Recupera Muçum
Um grupo de empresários se uniu para formar a associação Recupera Muçum, com o objetivo de reconstruir a cidade em uma área não sujeita a inundações. O projeto visa oferecer aos moradores e empresários uma região segura para um novo começo.
Segundo Jeanine Sangalli, empresária e diretora da associação, já foi iniciado o estudo das áreas disponíveis, mas ainda não houve nenhuma negociação. “A ideia é proporcionar uma nova possibilidade aos moradores, sempre com foco na preservação de seu patrimônio atual e na rica história da cidade”, explica.
A associação opera sem fins lucrativos e é financiada por doações de pessoas físicas e jurídicas. O custo inicial do projeto é estimado em cerca de R$ 6 milhões, destinados à definição da área. Com essa verba, será possível buscar parceiros para o desenvolvimento do loteamento. Jeanine destaca que, apesar do valor elevado, a proposta representa uma solução definitiva para a cidade.