
Frigoríficos de Mato Grosso do Sul paralisaram a produção de carne destinada aos Estados Unidos depois que o presidente norte-americano Donald Trump anunciou uma tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros. A decisão, confirmada pelo governo estadual e pelo Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems), não afeta a produção voltada a outros mercados.
Segundo o sindicato, a suspensão é uma estratégia logística para evitar estoques de carne que não poderiam ser comercializados no mercado americano diante da nova taxação.
Quatro frigoríficos afetados
Pelo menos quatro empresas interromperam a produção destinada aos EUA:
-
JBS
-
Naturafrig
-
Minerva Foods
-
Agroindustrial Iguatemi
A Naturafrig informou que cerca de 5% da produção tinha como destino o mercado americano. As demais companhias não responderam até o momento.
Motivo da suspensão
“A produção de carne foi paralisada apenas naqueles setores específicos para produção aos EUA. Se eu produzir e enviar carne hoje, a carga chegará aos EUA já com a tributação adicional. A taxação causou inviabilidade financeira para os produtores”, explicou Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sincadems.
Os embarques levam cerca de 30 dias para chegar aos Estados Unidos, e a nova tarifa entra em vigor em 1º de agosto.
Dados das exportações
De acordo com a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems):
-
Em 2025, a carne bovina desossada e congelada representou 45,2% das exportações do estado para os EUA, movimentando US$ 142 milhões.
-
Em 2024, o volume foi de 27,8%, somando US$ 78 milhões.
Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne brasileira, atrás apenas da China, responsável por cerca de 48% das compras externas.
Mercados alternativos
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, disse que os frigoríficos agora buscam redirecionar a produção para outros países, como Chile e Egito, enquanto aumenta o estoque de carne inicialmente programada para os EUA.
“Temos um volume de carne estocada que deveria ir para o mercado americano, mas que não tem mais tempo de chegar até o dia 1º de agosto”, afirmou.
A Associação Brasileira de Exportadores de Carne (Abiec) informou que as indústrias brasileiras estão reavaliando a produção e negociando com importadores de outras regiões, como o Sudeste Asiático e o Oriente Médio.
Impactos no setor
Analistas apontam que a carne que deixa de ser enviada aos EUA tende a ser direcionada a outros países, evitando impacto direto no mercado interno.
A Austrália continua sendo o principal fornecedor de carne bovina aos americanos, mas o Brasil vinha ocupando espaço relevante, sobretudo para a indústria de processamento.