Mesmo após sanções dos EUA, Moraes diz que não vai recuar no julgamento de Bolsonaro
Declaração ocorre após governo Trump incluir magistrado na Lei Magnitsky por supostas violações

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou em entrevista ao jornal norte-americano Washington Post que não irá rever decisões tomadas no processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi publicada nesta segunda-feira (18), semanas após o governo dos Estados Unidos sancioná-lo com base na Lei Magnitsky.
“Não há a menor possibilidade de recuar um milímetro sequer. Receberemos a acusação, analisaremos as provas e quem deve ser condenado será condenado”, disse Moraes.
Sanções dos Estados Unidos
Em julho, a Casa Branca incluiu Moraes e outros membros do STF na lista de sanções internacionais, alegando violações graves de direitos humanos. A medida bloqueou contas bancárias, restringiu o acesso ao sistema financeiro norte-americano, proibiu a entrada no país e suspendeu vistos.
Além de Moraes, outros oito ministros do STF e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foram atingidos pela decisão.
O governo Trump afirma que Moraes conduz uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, que será julgado em setembro por suposta tentativa de golpe de Estado.
“Xerife da democracia”
Na reportagem, o Washington Post se refere ao ministro como “xerife da democracia”, citando decisões como as restrições ao X, de Elon Musk, no ano passado. Moraes argumentou que a experiência brasileira com períodos autoritários justifica uma postura firme na defesa das instituições.
“Entendo que, para uma cultura americana, seja mais difícil compreender a fragilidade da democracia, porque nunca houve golpe lá. O Brasil, ao contrário, conviveu com ditaduras e inúmeras tentativas de ruptura”, declarou.
Críticas e ameaças
O ministro também mencionou os ataques recebidos por apoiadores de Bolsonaro, que o acusam de perseguição:
“Essas narrativas falsas acabaram envenenando o relacionamento, sustentadas pela desinformação nas redes sociais”, afirmou.
Apesar das críticas e das restrições impostas pelos EUA, Moraes disse que seguirá conduzindo os processos até a conclusão.