
O uso de medicamentos para lidar com estresse, ansiedade e burnout mais do que dobrou no Brasil em um ano. Em 2025, 52% dos líderes e 59% dos funcionários relatam recorrer a psicotrópicos no ambiente corporativo, segundo levantamento com profissionais de diferentes setores.
Sintomas cada vez mais comuns
A sobrecarga de trabalho, a pressão por resultados e os conflitos interpessoais aparecem como os principais fatores de risco. Diagnósticos de estresse, ansiedade e burnout já atingem 27% dos gestores e 26% dos liderados.
Entre os profissionais, é comum o uso de medicamentos como forma de continuar operando em alta performance, mesmo diante do esgotamento físico e emocional. A prática, no entanto, acende alerta entre especialistas pela banalização da automedicação e a ausência de acompanhamento psicológico.
Alta no uso e nos afastamentos
Em comparação com 2024, o uso de psicofármacos subiu:
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De 18% para 52% entre os líderes
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De 21% para 59% entre os liderados
A consequência é visível nos dados de afastamento. De janeiro a julho de 2025, houve um crescimento de 143% nas licenças por transtornos mentais. Só no último ano, o país teve 472 mil afastamentos por esse motivo — o maior número em dez anos.
Clima de silêncio e insegurança
Mesmo com o aumento expressivo, o tema ainda é tabu. A maioria dos gestores e funcionários não se sente à vontade para falar sobre o uso de medicamentos no ambiente de trabalho.
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73% dos líderes evitam mencionar o uso de psicofármacos
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33% dos funcionários também escondem o tema de suas lideranças
Reações negativas e falta de acolhimento reforçam o ciclo de silêncio e desconfiança, afetando a saúde coletiva das equipes e o desempenho das empresas.
Falta preparo e prevenção nas empresas
Apenas 33% dos líderes e 22% dos funcionários afirmam que suas empresas têm estratégias efetivas para prevenir riscos à saúde mental. Entre os desafios apontados pelos gestores:
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Dificuldade em reconhecer sinais de sofrimento emocional (24%)
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Falta de equilíbrio entre demandas e carga de trabalho (22%)
Mesmo com a exigência da NR-1, que obriga medidas preventivas até maio de 2026, especialistas alertam que muitas organizações ainda tratam o tema de forma superficial.
Impacto bilionário na economia
Segundo estimativas, os problemas de saúde mental no trabalho geram perdas anuais de quase R$ 49 trilhões para a economia global. A falta de suporte adequado nas empresas contribui para o isolamento emocional, a queda de produtividade e a alta rotatividade de equipes.