Sapinho de Arvorezinha pode virar patrimônio genético do Estado

Um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul pretende reconhecer o sapinho-admirável-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus admirabilis) como patrimônio genético do Estado. A espécie, endêmica da região de Arvorezinha, é classificada como Criticamente Ameaçada de extinção e tem população estimada em apenas mil indivíduos na natureza.

O animal habita o Perau de Janeiro, em área de mata e lajeados rochosos próximos ao Rio Forqueta. A proposta é de autoria do deputado Matheus Gomes (PSOL) e já está pronta para ser votada em plenário, mas aguarda acordo entre lideranças partidárias para entrar na pauta.

Espécie rara e ameaçada

• Descoberta em 2006, a espécie já foi alvo de polêmica envolvendo planos de construção de uma barragem na região.

• A obra, que afetaria diretamente o habitat do sapinho, teve a autorização revertida após pressão de ambientalistas e pesquisadores.

• Estudos da UFRGS apontam que a espécie é dependente de poças d’água formadas em lajes de pedra, usadas para reprodução.

“Preservar as matas ciliares é preservar toda a biodiversidade associada a elas. E o sapinho faz parte disso”, disse Elisete Freitas, do Movimento Pró-Matas Ciliares.

Ameaças e importância local

Segundo pesquisadores, o sapinho tem baixa capacidade de dispersão e vive restrito a pequenas áreas. Fatores como mudanças climáticas e o uso de pesticidas na região ameaçam ainda mais a sobrevivência da espécie.

Além do apelo ecológico, a presença do animal também tem impulsionado o turismo ecológico em Arvorezinha. Trilhas e quedas d’água atraem visitantes ao local, onde há orientações para evitar contato físico com os animais.

“São bichos exclusivos nossos, bem gaúchos. Por serem nossos, a gente tem que preservar”, afirma o biólogo Mathias Hofstätter, que estuda o sapinho em seu mestrado.

Publicidade