#CaliSchäffer | Isso é amor verdadeiro
A mitologia grega é uma coisa tão fantástica que todos deveriam conhece-la. As divindades do Olimpo, lugar onde viviam os deuses gregos e romanos, não mais existem. Ninguém mais os cultua. Mas seria interessante saber, pelo menos um pouco, como viviam e agiam aquelas personagens.
Uma das antigas histórias contadas, que desde jovem sempre me chamou atenção, é a do amor que existiu entre Orfeu e Eurídice. Orfeu era filho de Apolo e de Calíope. Apólo era o deus da música, Calíope era a musa das poesias épicas.
Certo dia, ele recebeu de seu pai, como presente, uma lira. Aprendeu a tocá-la com tal perfeição que ninguém conseguia resistir ao encanto de sua música. Até os animais paravam para ouvir. No decorrer da história Orfeu se apaixona e casa com Eurídice. Alguns dias depois do casamento Eurídice foi passear, e um pastor chamado.
Aristeu, impressionado por sua beleza, tentou conquista-la. Fugindo dele, ela pisou numa cobra que a picou no pé, e em consequência disso ela morreu. Desesperado, Orfeu, decidiu procurá-la na região dos mortos. Implorou às divindades do mundo inferior para que a libertassem.
E tanto pediu, e tanto suplicou que elas se sensibilizaram, e a libertaram. No entanto, para assim proceder, as potestades impuseram uma condição: ele não poderia olhá-la enquanto não tivessem chegado à atmosfera superior. Orfeu caminhava, então, através de passagens escuras e íngremes, na frente. Eurípedes o seguia. Em certo momento, preocupado e para ter certeza de que ela o acompanhava mesmo, ele olhou para trás e
Eurídice, num instante, foi arrebatada de volta à mansão dos mortos. Orfeu, desesperado, fez de tudo para voltar e tentar outra vez libertá-la, mas não obteve êxito.
Retornando ao mundo dos vivos Orfeu manteve-se alheio à outras mulheres e permaneceu fiel à lembrança da sua amada e do infortúnio do seu amor perdido. Repelia todas as donzelas que o perseguiam. Revoltadas, elas o mataram e o enterraram em Limerra, onde, segundo a lenda, os rouxinóis cantam sobre seu túmulo mais suavemente que em qualquer outro lugar do mundo.
Logo que entrou no mundo dos mortos a primeira coisa que Orfeu fez foi procurar sua esposa, e quando a encontrou, ele a tomou nos braços, freneticamente pela segunda vez.
Hoje, andam por lá, felizes, passeando pelos campos venturosos, agora juntos para sempre. Às vezes ele anda na frente, às vezes ela, ambos se olhando sem receio de serem novamente separados.
O verdadeiro amor isso. Uma coisa que não termina com a ausência física do ser amado, um sentimento que perdura pela eternidade afora até o fim dos tempos, num possível ou imaginário reencontro. Orfeu é quem sabe.
O que eu observo, no entanto, é que sob o manto da modernidade, sob o pretexto de uma liberdade total e absoluta- que na realidade não existe – o que o ser humano busca hoje em dia, é, na verdade, destruir completamente amores como esse, de Orfeu e Eurídice. É lamentável.