FORÇA DO VALE 40 ANOS
Cali Schaffer

#CaliSchäffer | O corvo

Edgar Allan Poe (1809-1849) Foi um famoso escritor americano. Sua vida foi sofrida, uma das mais obscuras dos grandes da literatura universal. Era filho de Davi e Isabel, pobres atores errantes. Depois que seus pais morreram, ele foi adotado por um homem rico, mas seu relacionamento com o padrasto foi um desastre; ele não soube aproveitar a oportunidade que lhe foi dada.

Seu poema mais famoso, traduzido no mundo inteiro, que ele levou quatro anos para elaborar, tem o título de O Corvo. Os versos descrevem o sofrimento do narrador pela perda da mulher amada, Lenore. O personagem busca uma saída para o imenso vazio que a falta da sua amada deixou na sua vida. Certa noite, sentado no seu pequeno escritório num sofá de veludo, com a cabeça recostada na poltrona, ali buscava consolo pela sua tristeza. De repente, um corvo (tido como sua consciência) vindo da imensa escuridão da noite, força a entrada ao gabinete, não pela porta da frente, mas pela janela, e se posiciona sobre um busto de Palas (a deusa da sabedoria) que ali existia, e lá ficou, imóvel.

O diálogo que ele mantém com o corvo reflete o seu desejo de se livrar da solidão, da saudade que sente da sua amada; queria saber notícias dela, o que fazer para diminuir sua angústia, mas a única resposta que o corvo lhe dá a cada pergunta que faz é lhe dizer: “Nunca mais”.

Esta é a tradução de Claudio Weber Abramo (que considero a melhor) de quatro estrofes dos comoventes versos:

… “Ah, bem me lembro, foi no glacial dezembro. E cada brasa que morria isolada forjava seu fantasma sobre o chão. Desejara ansioso o amanhecer, em vão tentara obter de meus livros resgate para a tristeza – a tristeza pela Lenore perdida, pela jovem rara e radiante que os anjos chamam Lenore – nome que aqui não se ouvirá mais”.

… “Profeta”, disse, coisa do mal – profeta sim, seja ave ou demônio! -, quer enviado pelo Tentador, quer lançado pela tormenta a estas paragens, desolado, mas resoluto, atirado a esta terra deserta e encantada, a esta casa assombrada pelo horror, dizei-me, imploro, dizei-me a verdade. Existe bálsamo em Galaad? Dizei-me, dizei-me, imploro”. E disse o Corvo, “Nunca mais”.

… “Profeta”, disse, coisa do mal – profeta sim, seja ave ou demônio! -, por esse Céu que se estende sobre nós, por esse Deus que ambos adoramos, dizei a esta alma pesada de tristeza se, no Éden distante, poderá estreitar uma jovem santificada, uma jovem rara e radiante, a quem os anjos chamam Lenore”. E o Corvo respondeu, “Nunca mais”.

… “E o Corvo, sem mover-se, ainda pousa, ainda pousa sobre o pálido busto de Palas, bem acima da porta de meu gabinete; e seus olhos são como os de um demônio que sonha, e a luz da lamparina que sobre ele se derrama lança sua sombra ao chão; e dessa sombra que flutua sobre o chão minha alma não se erguerá – nunca mais!”

Me perdoem, mas confesso que este poema me atinge profundamente, porque, como responde o Corvo, trata de coisas que eu “Nunca mais” esquecerei.

Agro Dália

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