#ColunaDaMari | Preocupe-se em ser um bom cidadão

Entre tangos e tragédias da vida contemporânea, em tempos de redes sociais, a bola da vez é o início das atividades do tão aguardado elevador que leva ao coração do nosso imponente Cristo Protetor. Monumento esse que, como estamos cansados de lembrar, alavancou o turismo de Encantado, criando conceito turístico para a região, muito além do que qualquer um poderia imaginar. E é impossível que alguém ainda não tenha notado isso. A cada dia, aumenta o número de ônibus vindos de todas as partes do Estado — e de fora dele também. Mas, infelizmente, os únicos que ainda não conseguem enxergar a grandiosidade do nosso Cristo Protetor são alguns “revolucionários Alecrins Dourados” encantadenses. A cobrança de R$ 50 pelo acesso ao elevador voltou a gerar polêmica. Afinal, pagar R$ 50 por uma atração turística aqui, para eles, é um absurdo. Agora, pagar o mesmo valor em qualquer outro lugar do mundo, aí sim, vale a pena! Veículos de comunicação que noticiaram o início da visitação e entrevistaram visitantes no local foram bombardeados por comentários maldosos e sem noção, feitos por muitos desses “alecrins”, que ironicamente estão sendo indiretamente beneficiados com o crescimento do turismo na cidade. Obviamente, não cansam de passar vergonha. Qualquer ser humano em sã consciência refletiria antes de tecer certos comentários. Mas, já que a internet deu voz para coisas boas e também para a imbecilidade, somos obrigados a pagar por ela e ainda ter que ler esse tipo de coisa. Infelizmente, o povo daqui foi mal acostumado — acredita que tudo o que é daqui deve ser gratuito. Uma mentalidade herdada de discursos politiqueiros e de decisões mal pensadas ao longo da nossa história de emancipação. E isso tem se agravado nos últimos 20 anos. Quanto mais se ganha, mais se quer. E quanto mais fácil se obtém, menos se valoriza. É o mesmo raciocínio que se aplica à Educação, que é destaque estadual e federal, mas que conta com o mínimo apoio dos pais. Hoje, muitos não são capazes de contribuir nem com R$ 5 para ajudar na manutenção de uma creche ou escola. E quando falamos em Saúde, a situação piora. Segundo resposta a um pedido de informações feito pelo vereador Daniel Passaia (União Brasil) em maio deste ano, o relatório da Secretaria de Saúde é estarrecedor: em apenas quatro meses, mais de 3.500 pessoas faltaram aos atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde do município. Você pode estar se perguntando: o que os R$ 50 do elevador têm a ver com esses números? Na minha visão, tudo. A falta de responsabilidade com o bem público, somada à ignorância expressa nos comentários sobre o Cristo Protetor, só mostra o quanto ainda existe quem acredite que tudo deve ser gratuito — sem ter noção alguma do impacto disso. O valor pago no ingresso do elevador, ou mesmo para acessar o complexo, se transforma em valor adicionado, aumentando a arrecadação municipal e, consequentemente, os investimentos públicos em áreas como Educação e Saúde — incluindo vagas em creches, escolas e atendimentos médicos. Já quando você se recusa a contribuir com o mínimo — seja ajudando a escola do seu filho ou comparecendo a uma consulta que agendou — porque acha que “tem direito” e isso “não tem consequência nenhuma”, está gerando custos desnecessários aos cofres públicos. E esse dinheiro, vale lembrar, vem dos nossos impostos. No fim das contas, quem paga essa conta somos nós mesmos. Então, antes de criticar aquilo que nos traz retorno, preocupe-se em ser um bom cidadão.