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#ColunaDaMari | Sobre a tal ignorância…

Há algumas semanas, a Secretaria Estadual da Saúde emitiu uma nota alertando para a situação de emergência em saúde pública no Rio Grande do Sul, devido ao aumento expressivo de internações por doenças respiratórias graves. No entanto, o ser humano só costuma se dar conta da gravidade quando o problema “bate à porta ao lado”. Bastou a imprensa noticiar a morte de um jovem de Anta Gorda, no Hospital Beneficente Santa Terezinha de Encantado, para que o caos se instalasse — e não vai demorar até que os “alecrins dourados” comecem a culpar o sistema de saúde por tudo isso.

Para contextualizar, a Organização Mundial da Saúde declarou pandemia de H1N1 em junho de 2009. Em agosto daquele ano, o Brasil atingiu o pico de casos e mortes, com mais de 2 mil óbitos e 50 mil registros. O governo brasileiro respondeu com medidas de contenção, entre elas, a campanha de vacinação iniciada em 2010.

Em Encantado, a campanha de vacinação contra a gripe começou em 14 de abril deste ano, liberada desde o início para todas as faixas etárias, não apenas para os grupos prioritários. Desde então, além da disponibilidade em todos os postos de saúde, duas ações específicas — em 26 de abril e 10 de maio — foram promovidas para intensificar a imunização. O público-alvo determinado pelo Ministério da Saúde é de 6.913 pessoas. No entanto, até agora, apenas cerca de 3.700 doses foram aplicadas — um índice pouco superior a 30% da meta, revelando desinteresse da população. Os grupos de risco, como os idosos, têm resistido à vacinação, muitos influenciados por fake news que viralizaram nas redes sociais.

Para ampliar a proteção, o município também está levando a campanha às creches, já que crianças de até seis anos integram o grupo de alto risco. Infelizmente, a maioria dos pais tem se recusado a autorizar a vacinação — algo que considero pura ignorância.

Não é preciso ser especialista para entender que a vacinação é a forma mais eficaz de proteger a população e garantir saúde pública. Segundo especialistas, a imunização em massa evita o retorno de doenças já controladas e protege os mais vulneráveis. Desde 2016, os índices de vacinação no Brasil vêm caindo e, desde 2020, a cobertura vacinal não chega a 70%, segundo o DataSUS — um dado alarmante.

Já escrevi sobre o que chamo de “chip da besta”, aquele que carregamos na palma da mão. O fácil acesso à informação — mal utilizada — e a politização de tudo têm nos deixado mais ignorantes. O resultado? Doenças erradicadas, como poliomielite, sarampo, rubéola e difteria, voltam a ameaçar nossa saúde por causa do movimento antivacina.

Duvidar da vacina da COVID-19, em parte, pode até ser compreensível, pela novidade e rapidez do processo. Mas questionar vacinas testadas e aplicadas desde 1963 é, no mínimo, absurdo. A vacina contra o sarampo, por exemplo, já salvou milhões de vidas e continua sendo fundamental. Todos que leem este texto são a prova viva de sua eficácia. O mesmo vale para a H1N1 — impossível encontrar um adulto que nunca tenha tomado ao menos uma dose.

Como diz o ditado: o pior cego é aquele que não quer ver. Discutir com céticos e ignorantes é, para mim, perda de tempo. Mas deixo aqui meu alerta em forma de desabafo: a emergência em saúde pública é real. A vacina está disponível gratuitamente no SUS — e também na rede privada, para quem ainda insiste em desacreditar do sistema público. Os hospitais estão superlotados, UTIs à beira do colapso. E, nessas horas, nem todo o dinheiro do mundo pode garantir sua sobrevivência. Então, por favor, vacine-se!

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