#ColunadaMari| Reféns da impunidade

Carnafamília
A Escola de Samba Muleke Atrevido tem provado isso ano após ano, desde que se engajou na organização do Carnafamília.Apesar dos desafios enfrentados, como a pandemia e as recentes enchentes que impactaram diretamente a comunidade, eles não desistiram. Amanhã, realizam mais uma edição desse evento que reúne famílias, amigos, cultura, alegria, diversão e, acima de tudo, orgulho e amor pela sua cidade. O Carnafamília já conquistou reconhecimento regional. Agora, só resta parabenizar os envolvidos e desejar que essa celebração continue crescendo e fortalecendo ainda mais a comunidade.
Reféns da impunidade
O rapto de uma menina de 9 anos em Tramandaí chocou o estado. Como estava de férias no litoral, acompanhei quase em tempo real o desenrolar do caso pelos sites de notícias locais. Na primeira entrevista da mãe e do padrasto da menina ao portal Correio de Imbé, era evidente o desespero da família e o engajamento da comunidade nas buscas.
Ainda assim, surgiram questionamentos e insinuações sobre o fato de a criança ter saído sozinha para brincar na praça próxima de casa. Foi então que uma série de reflexões veio à minha mente. Há 30 anos, quando eu era criança, os tempos eram outros. O número de habitantes e a circulação de veículos nas cidades também eram menores. No entanto, as orientações dos pais seguiam a mesma lógica: “Não fale com estranhos. Não abra a porta para ninguém. Olhe bem antes de atravessar a rua.”
O que realmente me revolta é que, hoje, vivemos reféns da impunidade, da insegurança e, acima de tudo, da maldade humana. Talvez a falta de punição rigorosa tenha encorajado essa maldade. O fato é que está cada vez mais difícil viver em sociedade. Estamos sendo obrigados a nos trancar dentro de casa, pois nem mesmo uma área de lazer no próprio bairro é um espaço seguro.
Sabemos que o país enfrenta crises em diversas áreas e, após as recentes catástrofes no Rio Grande do Sul, há demandas urgentes que exigem atenção imediata. No entanto, a segurança pública – especialmente as leis relacionadas a abuso e violência – precisa ser uma prioridade. Se punições mais severas não forem implementadas, os casos de homicídios, tentativas de homicídio e violência contra mulheres e crianças só tendem a aumentar. Infelizmente.
Com o passar dos anos e a politização de quase tudo, a cultura – e em especial o carnaval – tem sido alvo de ataques e boicotes movidos pelo preconceito. Mas, se olharmos com atenção, veremos que participar de uma escola de samba é tão agregador quanto frequentar uma escolinha de vôlei ou futebol, ou fazer parte de uma invernada de CTG. O envolvimento da família, o empenho e a dedicação são os mesmos em qualquer atividade coletiva.