#NolimarPerondi | 1 ano

1 ano
Há exatos 1 ano, o Vale do Taquari, mais uma vez, provava a fúria do tempo. Desta vez, a capital, Porto Alegre, também vivenciava a maior enchente de toda a sua história, ao lado de centenas de outros municípios do Rio Grande do Sul. Na capital, o dique projetado em 1960 e construído na década seguinte, com base na cheia histórica de 1941, teve sua eficiência colocada à prova e mostrou-se obsoleto. Aqui, nesta parte do Vale, que já havia sofrido com a grande enchente de setembro de 2023 e novamente em novembro, experimentamos, em maio de 2024, uma nova tragédia. Além da maior cheia registrada, somaram-se ao desastre os deslizamentos, que ceifaram muitas vidas. O Vale do Taquari ficou isolado: sem energia, sem telefone, sem internet. De um lado, sem ponte. Do outro, sem estradas. Um completo caos. Os prejuízos materiais foram incontáveis — até hoje, o cálculo não está fechado e provavelmente nunca será. Residências foram arrastadas pelas águas e pelos desmoronamentos. Empresas que se reerguiam, a duras penas, dos estragos anteriores foram novamente atingidas. O interior também sofreu: plantações destruídas, animais sem alimento. A tempestade perfeita.
Reconstrução
Passado um ano da maior catástrofe climática do Brasil, o Rio Grande do Sul se reconstrói. Falta muito, é verdade, mas muito também já foi feito. Aqui no Vale, a nova ponte sobre o Rio Forqueta dá sinais de retomada da normalidade. Em Encantado, os desabrigados seguem com o auxílio do aluguel social ou em residências temporárias. Poucas famílias já estão em casas definitivas. Os desalojados, nas áreas liberadas, voltaram para seus lares. Já as novas moradias, aprovadas nos programas dos governos estadual e federal, avançam lentamente. Alegam-se burocracias.
Prefeitos
As administrações dos municípios mais atingidos — Muçum, Encantado e Roca Sales — têm feito sua parte. Nenhuma família está desamparada, e os programas de reconstrução seguem respeitando a realidade de cada local. Tenho a impressão de que o novo plano diretor, que está sendo discutido com apoio da Univates, por meio de recursos do Estado, trará um novo norte à ocupação urbana, podendo definir, com mais clareza, onde será possível ou não construir moradias e indústrias.
Dúvidas
Tenho a sensação de que todos aprendemos com esses eventos extremos — inclusive o poder público. Mas a dúvida que fica é: estamos realmente preparados para uma nova catástrofe, caso ela ocorra?
Dossiê
O jornal Força do Vale produziu um material especial em vídeo, mostrando o que foi feito — e o que ainda está por fazer — após 1 ano do maior desastre natural da região.
Foram visitados os municípios de Encantado, Roca Sales, Muçum, Doutor Ricardo e Relvado. Prefeitos e moradores deram seus depoimentos, cada um com sua história, cada um com sua luta.
O Dossiê Força do Vale é um retrato da superação de um povo que não se rendeu. É verdade que alguns depoimentos carregam, naturalmente, o peso das perdas. Mas o objetivo do documentário foi mostrar
histórias de reconstrução lideradas por prefeitos, comerciantes, agricultores e famílias que transformaram dor e prejuízo em força para seguir em frente.
Trabalho
Este dossiê foi produzido pelo jornal Força do Vale e dirigido pelo jovem Eduardo Gonzatti Turati. O documentário foi muito bem editado, com roteiro de imagens, entrevistas e testemunhos, digno de produções televisivas de grande porte — ainda que realizado por uma equipe pequena, mas extremamente dedicada.
Ter com quem contar
Importante lembrar que o próprio jornal também foi atingido duas vezes pelas cheias e, mesmo assim, investiu na criação de um estúdio de TV, que hoje produz conteúdos cada vez mais reconhecidos. No próprio dossiê, a diretora do jornal, Renira Turatti Ost, ao entrevistar o gerente da agência Sicredi Centro, Fábio Pretto, relatou que, graças aos programas de incentivo do Sicredi Região dos Vales, decidiu continuar com o jornal e investir também no estúdio de TV.
Impulso
O Sicredi Região dos Vales teve uma participação ativa e decisiva na reconstrução da região. Ofereceu apoio financeiro direto aos pequenos negócios e linhas de crédito pessoal e empresarial, incentivando uma vida mais digna para as famílias e dando fôlego para os empresários darem continuidade aos seus empreendimentos. Mais uma vez, o Sicredi mostrou-se um verdadeiro impulsionador do desenvolvimento regional.
Top of Mind
O Sicredi está entre as dez marcas mais lembradas na categoria “grande empresa/marca” do Rio Grande do Sul na pesquisa Top of Mind RS 2025. O anúncio foi feito no início da semana, em Porto Alegre. A instituição também foi destaque na categoria de cooperativa de crédito. A pesquisa, promovida pela Revista Amanhã, há 35 anos pergunta: “Qual é a primeira marca que vem à sua cabeça?”
Sessão
Na sessão ordinária desta semana da Câmara de Vereadores de Encantado, nenhum projeto do Executivo foi votado. Antes da sessão, o prefeito Jonas Calvi e a secretária de Turismo, Karina Mezzomo, estiveram reunidos com os vereadores para explicar a proposta de um novo modelo de administração da Lagoa da Garibaldi. A ideia é conceder o espaço à iniciativa privada. Minha impressão inicial é de que a proposta é importante e merece ser debatida no Legislativo.
Exausto
Por conta do meu ofício, assisto às sessões da Câmara de Encantado todas as semanas. Sempre gostei de acompanhar o debate de ideias — concordando ou não com os debatedores. Mas, sinceramente, está cansativo. Está chato. Tenho recorrido até à oração de São Francisco antes de acessar o site da Câmara: “Fazei de mim um instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão… compreender mais que ser compreendido…”
Mesmo assim, não está fácil.
Os assuntos do município — com seus problemas reais e possíveis soluções — estão sendo soterrados por falas intermináveis sobre formações de conselhos com utilidade duvidosa. Projetos como o da causa animal estão carregados de inconstitucionalidades, mesmo com emendas tentando disfarçar o que não compete ao legislador. Está mais do que na hora de os mais experientes assumirem o protagonismo.
Frase
“Todo trabalho é digno, parabéns a todos os trabalhadores.”