Coluna do PerondiColunas

#NolimarPerondi | Explicação

Atuação

Na coluna da semana passada, abordei uma denúncia protocolada no Ministério Público da Comarca de Encantado sobre a compra de um servidor — computador com grande capacidade de armazenamento — pela Prefeitura de Roca Sales. A denúncia aponta possível sobrepreço, a obsolescência do equipamento e informa que, na internet, é possível encontrar modelos semelhantes por valores entre R$ 2.800,00 e, no máximo, R$ 5.000,00, enquanto a administração teria pago R$ 55.000,00. Consta ainda o número do contrato, 027/2025, com a seguinte identificação: “Superfaturamento em dispensa de licitação da Prefeitura de Roca Sales.” Também tratei da contratação de uma contabilidade particular, cujo custo mensal é de R$ 15.000,00. Neste ponto, comparei com o valor pago pela gestão anterior, que era de R$ 3.240,00 pelo mesmo tipo de suporte. Importante ressaltar que essa contratação é uma prerrogativa do gestor, que busca garantir segurança na aplicação do orçamento municipal. O prefeito de Roca Sales, Jones Wunsch, enviou duas notas sobre esses temas, as quais publico na íntegra — mesmo com o espaço reduzido da coluna — para demonstrar que o nosso compromisso é com a informação.

Contabilidade

“A respeito de questionamentos levantados sobre o contrato de prestação de serviços na área contábil firmado com a empresa Dal Molin Contabilidade, esclarecemos que não há absolutamente nenhuma irregularidade na contratação. A empresa é liderada pelo contador público Jorge Dalmolin, profissional amplamente conhecido na região por sua seriedade, experiência e qualificação técnica. A contabilidade pública exige conhecimento altamente especializado, distinto da contabilidade privada, e é justamente essa expertise que tem sido aplicada no acompanhamento das contas do município. A atuação técnica e preventiva da assessoria contábil tem evitado riscos e inconsistências que poderiam gerar prejuízos significativos à municipalidade. Com isso, a contratação contribui diretamente para a segurança e a eficiência da gestão financeira, gerando economia aos cofres públicos. Pela qualidade e abrangência dos serviços prestados, o valor está adequado e, em termos de custo-benefício, vem gerando bons resultados para o município. Paralelamente, a atual gestão tem adotado medidas de contenção de despesas em outras áreas, sempre com o objetivo de garantir o melhor resultado possível em termos de responsabilidade fiscal e entrega de serviços públicos de qualidade. Nossa gestão valoriza a atuação técnica qualificada, especialmente em áreas sensíveis como a contabilidade pública.” — Jones Wunsch (Mazinho), Prefeito de Roca Sales/RS

Compra de equipamento

“Em relação à denúncia publicada nesta coluna, sobre a compra de um servidor pela Prefeitura, esclareço que ainda não recebemos qualquer notificação oficial do Ministério Público. Mesmo assim, por compromisso com a transparência e o respeito à população, determinei imediatamente a realização de uma perícia técnica para avaliar o valor real do equipamento e dos serviços contratados. Se houver qualquer indício de irregularidade, será instaurada sindicância para apurar os fatos e identificar os responsáveis. Caso fique comprovado erro ou má-fé, as medidas administrativas e judiciais cabíveis serão adotadas com total rigor. Roca Sales e nossa população já sofreram demais com as trágicas inundações que marcaram a história recente do município. Nesta gestão, o mínimo que faremos é não acobertar qualquer má utilização do dinheiro público. O reerguimento de Roca Sales se dará com muito trabalho sério, com dedicação verdadeira e com punição severa a qualquer pessoa que, eventualmente, queira se aproveitar de um povo já tão sofrido. Quem me conhece sabe que nossa gestão não varre problemas para debaixo do tapete. Temos compromisso com a verdade, com a seriedade e com o uso responsável dos recursos públicos. Vamos apurar tudo com responsabilidade, transparência e coragem. Doa a quem doer! Assim que a apuração estiver concluída, voltaremos a informar a população com os dados oficiais e as providências adotadas. Roca Sales será administrada com respeito, justiça e compromisso com o bem comum.” — Jones Wunsch (Mazinho), Prefeito de Roca Sales/RS

Câmara

Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Roca Sales, realizada na segunda-feira, 28 de julho, dois vereadores usaram a tribuna para comentar a compra do servidor. Luan Ludwig (MDB) e Cristiano Schafer (Podemos) cobraram do prefeito esclarecimentos sobre a aquisição do equipamento, alvo da denúncia encaminhada ao Ministério Público.

Improvisada

O prefeito Mazinho estava presente na sessão e foi convidado pelo presidente da Casa, Paulo Koste, para se pronunciar na tribuna: “Eu vou quebrar o protocolo, acredito que todos os vereadores estão de acordo. Convido o prefeito Jones Wunsch, o nosso Mazinho, para nos apresentar o que rolou na imprensa — né, prefeito? Foi bastante difundido nas redes sociais e precisamos ouvir o posicionamento do Executivo. Para nós, vereadores, é muito importante. Boa noite, prefeito, e agradeço sua presença e disponibilidade. Mesmo sendo uma convocação meio improvisada, sinta-se à vontade para falar com a população de Roca Sales.”

Explicação

Mesmo de forma improvisada, Mazinho explicou sua decisão a partir da repercussão da coluna. À sua maneira, detalhou o que é um servidor e justificou a necessidade do equipamento: “Na própria coluna do jornal, falaram em valores de 2 a 5 mil reais. Qualquer notebook que a gente compra para casa já custa mais do que isso. Esses valores não procedem para um equipamento desse porte.” Disse ainda que a compra foi feita com base em três orçamentos, sendo escolhido o de menor valor — R$ 55 mil. Informou que contratou uma perícia técnica para avaliar o equipamento e, com convicção, afirmou que, caso haja alguma irregularidade, buscará o ressarcimento ao erário. Aproveitou o espaço para responder ao vereador Luan sobre a Corsan: “A Corsan pagou R$ 1 milhão ao município para assinatura do contrato de renovação. E o que foi feito com esse dinheiro? Foi usado para pagar a folha de pagamento. Nenhum real foi investido na nossa comunidade. A folha foi paga escalonadamente porque não havia recursos suficientes.” Também sobrou crítica a este colunista: “Quero deixar vocês tranquilos, conscientes da responsabilidade que têm de fiscalizar o poder público. Mas, na minha opinião, foi uma reportagem — uma coluna — leviana, tendenciosa e que não ouviu os dois lados da moeda.”

Análise

O prefeito Jones Wunsch foi bem em sua defesa prévia ao se dirigir aos vereadores. Mostrou convicção ao abordar um tema técnico e informou que periciará o equipamento, comprometendo-se com as medidas necessárias. Faria apenas dois reparos, em defesa da informação: Quando afirma que a coluna apresentou valores de 2 a 5 mil reais, é necessário esclarecer que esses valores constam na denúncia encaminhada ao Ministério Público. Os preços pesquisados pela coluna são outros: “O preço de mercado que minha apuração constatou neste mês está estimado entre R$ 12 mil e R$ 20 mil.”

Interpretação

Quanto à interpretação de que a coluna foi “leviana e tendenciosa por não ouvir os dois lados”, entendo que se trata de uma leitura legítima, embora coluna de opinião não siga, necessariamente, o mesmo formato de uma reportagem tradicional — pelo menos sob o meu conceito. De toda forma, sempre foi — e continuará sendo — oferecido o espaço para esclarecimentos, como se vê nas respostas publicadas aqui.

Ofício

Volta e meia, é necessário esclarecer meu ofício: informar e opinar com base em fatos de interesse coletivo. Raramente individualizo ou personalizo, pois prefiro focar no trabalho e nas ideias, não nas pessoas. Posso respeitar alguém pela sua contribuição social e humana, ou desprezar pela insignificância no contexto público. Tenho tentado usar menos aspas, mas em tempos como este, algumas inspirações tornam-se inevitáveis. Parece haver uma espécie de distorção mental: mesmo diante de argumentos lógicos, certas crenças e achismos permanecem inabaláveis — sem qualquer interesse pela verdade.

Frase

“Estou sempre disposto a aprender, mas nem sempre gosto que me ensinem.” — Winston Churchill

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