#PaginaTrês | Cota para trans em concursos: onde fica o mérito?

Mateus Trojan é finalista do prêmio nacional da JCI e pode representar o Brasil no TOYP Mundial
O prefeito de Muçum, Mateus Giovanoni Trojan, 30 anos, é um dos 20 jovens finalistas do prêmio TOYP JCI Brasil 2025 (Ten Outstanding Young Persons), promovido pela Junior Chamber International (JCI). Ele concorre na categoria Assuntos Políticos, Legais e/ou Governamentais e busca uma vaga entre os dez jovens brasileiros mais influentes do ano.
Os vencedores da etapa nacional serão indicados ao TOYP mundial, que já homenageou personalidades como John F. Kennedy, Henry Kissinger, Elvis Presley, Jackie Chan e Wayne Gretzky.
A seleção valoriza jovens entre 18 e 40 anos que atuam com impacto social, inovação e liderança em suas comunidades. Trojan, que está em seu segundo mandato como prefeito de Muçum, também já presidiu o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Taquari (Consisa) e possui trajetória voltada à gestão pública, com formações em Educação Física, Administração e pós-graduação em andamento na área de Gestão Pública.
A indicação partiu da JCI Arvorezinha, que destacou sua atuação política responsável, com foco em políticas públicas, desenvolvimento regional e preparo técnico.
A votação popular é feita por meio de curtidas na publicação oficial do candidato no perfil da JCI Brasil no Instagram (@jcibrasil). Cada curtida vale como um voto, e a votação segue aberta até as 23h59 do dia 11 de agosto.
“É uma oportunidade de levar o nome da nossa região para o Brasil e o mundo, destacando nossas virtudes, nossa história, nossos desafios e necessidades”, disse Trojan.
O TOYP é considerado um dos mais tradicionais prêmios de valorização da juventude no mundo, e a presença de um representante do Vale do Taquari entre os finalistas nacionais reforça o protagonismo da região em nível nacional.
Encantado apresenta ações contra enchentes em festival nacional de tecnologia
O prefeito de Encantado, Jonas Calvi, esteve no HackTown, um dos maiores festivais de criatividade e inovação da América Latina, realizado em Santa Rita do Sapucaí (MG). Durante o evento, ele apresentou o case de enfrentamento às enchentes que atingiram o Vale do Taquari nos últimos dois anos, destacando como a integração entre o setor público e o setor privado de tecnologia possibilitou uma resposta mais eficiente diante dos eventos extremos.
A participação foi a convite do empresário encantadense Rodrigo Dalla Vecchia, o Digão, CEO da startup EVCOMX, que atua na área de tecnologia e inovação no município. Segundo Calvi, o reconhecimento nacional reflete o esforço conjunto da comunidade e das lideranças locais.
“Santa Rita do Sapucaí é uma cidade de cerca de 40 mil habitantes que fala em tecnologia desde 1959. Uma mulher chamada Sinhá Moreira foi pioneira ao criar ali o primeiro Instituto de Telecomunicações da América Latina. A região inteira é muito voltada à inovação e disrupção, mesmo sendo no interior de Minas. Foi muito bom estar lá e ver como essa história de décadas está rendendo frutos até hoje”, relatou o prefeito.
Durante a apresentação, Encantado mostrou como usou dados e soluções tecnológicas para monitorar níveis de água, prever áreas de risco e otimizar a tomada de decisões em tempo real durante as enchentes.
“Apresentamos como foi o nosso trabalho nas enchentes, mostrando a tragédia, mas também a inovação. Conectamos o impacto que sofremos com as soluções que desenvolvemos, como o monitoramento de onde a água ia chegar. Tudo isso foi apresentado em conjunto com a EVCOMX, a startup de Encantado, mostrando a força da parceria público-privada”, afirmou Calvi.
Legenda: Prefeito interagindo com um robô e, ao lado de Rodrigo Dalla Vechia, sendo palestrante em Minas Gerais
Diretora do CFC Casaril critica proposta de eliminar aulas obrigatórias na CNH
Gabriela Casaril, diretora do CFC Casaril de Encantado, manifestou preocupação com a proposta do ministro dos Transportes, Renan Filho, que sugere eliminar as aulas obrigatórias para reduzir o custo da CNH. Segundo ela, a medida pode aumentar reprovações, elevar os custos finais e comprometer a segurança no trânsito.
Gabriela defende que os CFCs têm papel fundamental na educação para o trânsito e na formação cidadã, o que não pode ser substituído por vídeos ou prática informal. Dados da ABRACFC indicam que metade do custo da CNH corresponde a taxas fixas, independentemente da quantidade de aulas. Ela alerta que a mudança pode gerar impactos negativos também na empregabilidade de mais de 300 mil profissionais do setor.
“O barato pode sair caro. O trânsito brasileiro precisa de mais educação, não menos”, resume.
O CFC Casaril é certificado pelo programa QUALICFC, reforçando seu compromisso com a qualidade da formação oferecida.
Cota para trans em concursos: onde fica o mérito?
A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou, nesta semana, um projeto de lei que reserva 1% das vagas em concursos públicos e estágios no município para pessoas trans.
A proposta, de autoria da vereadora Natasha Ferreira (PT), foi aprovada por 17 votos a 11 e agora segue para sanção ou veto do prefeito Sebastião Melo (MDB). Não faltava mais nada!
A justificativa é combater a transfobia e dar acesso ao funcionalismo público a uma parcela da população que, segundo os defensores, sofre discriminação histórica. O argumento é nobre na superfície, mas levanta um questionamento essencial que não pode ser ignorado: qual o limite entre inclusão e privilégio? E, mais ainda, onde fica o mérito?
Concursos públicos são considerados um dos caminhos mais justos e democráticos de acesso a cargos no serviço público. Devendo ser sem apadrinhamentos, sem influências políticas ou sociais — apenas o conhecimento, a dedicação e a pontuação final. Criar cotas específicas para qualquer grupo que não seja por deficiência física ou vulnerabilidade comprovada — como renda familiar — mexe diretamente com esse pilar da meritocracia.
A vereadora Comandante Nádia (PL), uma das vozes contrárias, foi direta:
“É preconceituosa a ideia de que pessoas trans não conseguiriam passar por seus próprios méritos.”
E está certa. A afirmação embutida nesse tipo de projeto é de que pessoas trans são naturalmente incapazes de competir em igualdade — o que, por si só, é discriminatório.
Esse tipo de medida abre um precedente perigoso. Amanhã, teremos cotas para pessoas com determinada orientação política? Para quem sofreu bullying? Para veganos? A linha é tênue e, uma vez cruzada, não há mais volta. O Estado não pode transformar inclusão em favorecimento.
E, se a lógica do privilégio continuar sobrepondo-se ao mérito, em breve veremos no serviço público o mesmo tipo de distorção que já ocorre no esporte: a injustiça de competições em que “ex-homens” disputam provas femininas e vencem com vantagem física evidente. É sabido que existem diferenças biológicas gritantes entre os sexos — e felizmente, muitos já estão começando a enxergar isso com clareza e coragem.
Se o problema é a desigualdade social — e ela existe, sim —, que se fortaleçam políticas públicas de base: educação de qualidade, acesso à saúde, programas de profissionalização e proteção contra violência. Mas que se respeite o princípio do mérito em concursos públicos. Porque é isso que garante que o melhor preparado, e não o mais “identificado”, ocupe cargos de responsabilidade.
O projeto agora está nas mãos do prefeito Sebastião Melo. Espera-se que ele tenha a sensatez de compreender que, embora a proposta tenha apelo ideológico, ela fere a lógica da justiça meritocrática e institucional.
E se trago esse assunto para o Vale do Taquari é na esperança de que nenhum vereador da região replique o projeto por aqui.
Em tempos de tanta polarização, o funcionalismo público não pode virar palco de militância.
Que vença o mais capaz — independente de gênero, raça, religião ou identidade.