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Justiça Seletiva: quem merece um avião da FAB?

O Brasil assistiu, estarrecido, a dois episódios que escancaram a desigualdade de valor que o Estado atribui às vidas humanas — dependendo, é claro, de quem você é. De um lado, Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, condenada por lavagem de dinheiro em um escândalo internacional que envolveu a Odebrecht. Bastaram poucas horas após seu pedido de asilo para que o governo brasileiro enviasse um avião da Força Aérea Brasileira ao Peru, prontinho, como um táxi diplomático de luxo. Tratamento relâmpago, digno de chefe de Estado — mesmo para quem carrega nas costas uma pena de 15 anos de prisão. Do outro, Juliana Marins, jovem brasileira de 24 anos, vítima de um acidente trágico ao cair em um vulcão na Indonésia. Ficou presa por quatro dias, em uma montanha de difícil acesso, enfrentando frio, dor e desespero. Sua família clamou por ajuda oficial. Mas não houve avião da FAB. Não houve pressa. Não houve urgência. Houve apenas burocracia, e uma espera angustiante que terminou em morte. A diferença entre as duas histórias não está apenas na velocidade da resposta, mas na moralidade da escolha política. Para quem o Brasil corre? Por quem o Estado se mobiliza com todo seu aparato? A resposta escancara uma vergonha nacional: o Brasil, neste caso, valorizou mais uma criminosa internacionalmente condenada do que uma jovem cidadã brasileira em risco de vida. Não se trata apenas de política externa, mas de humanidade. O nome disso é omissão seletiva — e isso deveria nos envergonhar profundamente.

RGE adia obra 

Em vários pontos do Centro de Encantado, a cena desta foto se repete. Os buracos foram abertos dias antes da ameaça de enchente e continuam assim até agora, justamente quando uma nova possibilidade de cheia volta a entrar no radar (continuamos com fé, rezando para não teremos enchente por nossas bandas). Voltando ao tema: as chuvas que caíram após a abertura dos buracos levaram boa parte da terra e deixaram as calçadas emporcalhadas. Entrei em contato com a assessoria de imprensa da RGE, que informou se tratar de uma obra para a instalação de novos postes, inicialmente programada para o feriado de 19 de junho. Segundo a empresa, o serviço foi adiado a pedido da comunidade e agora está previsto para a primeira semana de julho. Enquanto isso, a RGE garante que os buracos serão fechados nos próximos dias, como medida preventiva, para evitar riscos à população até a conclusão da obra.

Quando o jornalismo perde o senso e o senso perde a vergonha

O que esperar de uma jornalista com décadas de estrada, espaço privilegiado na grande imprensa e fama de “voz da razão” no noticiário político? Espera-se responsabilidade. Espera-se empatia. Espera-se, no mínimo, discernimento. Mas o que Eliane Cantanhêde entregou nesta semana foi o contrário disso tudo — entregou desumanidade disfarçada de análise técnica. Durante comentário na GloboNews sobre os conflitos no Oriente Médio, a jornalista se referiu aos ataques em Israel como tendo causado apenas “umas mortezinhas daqui, outra dali”, seguidos de risos e comparações infelizes entre vítimas, feridos e sistemas de defesa. Como se uma vida — qualquer vida — pudesse ser tratada no diminutivo, como um detalhe descartável no noticiário. Como se houvesse tragédias mais importantes que outras, dependendo de onde caem os mísseis ou de quem são os mortos. Depois, claro, veio a desculpa padrão: “me expressei mal”. Não é só uma questão de expressão, Eliane. É uma questão de compreensão humana e moral. Jornalismo não é só técnica, é também limite ético. E quando o discurso banaliza a dor de civis, o jornalismo se contamina com a mesma frieza que denuncia. Enquanto milhares morrem em Gaza, ouvir uma comunicadora influente falar em “mortezinhas” — e rir disso — fere não apenas o bom senso, mas a dignidade das vítimas. O jornalismo sério não pode ser conivente com esse tipo de desprezo simbólico.

Entre o frio da política e a fervura dos debates locais

O Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram o projeto de decreto legislativo que revoga o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) instituído pelo governo federal. Com a anulação, voltam a valer as alíquotas anteriores do imposto para operações como câmbio, cartões internacionais e crédito para empresas. O aumento do IOF que havia sido implementado por decreto presidencial deixa de ter validade com a decisão do Congresso. A medida foi aprovada em votação simbólica no Senado, após já ter passado pela Câmara, e não precisa de sanção presidencial para entrar em vigor.

Muda o que?

As alíquotas que estavam em vigor desde o dia 22 de maio, e que haviam sido “recalibradas” pelo governo em novo decreto em 11 de junho, são agora integralmente revogadas. As plataformas de câmbio, no entanto, ainda precisam de tempo para ajustar as cobranças automáticas do imposto. As operações com cartões internacionais (crédito, débito e pré-pagos), por exemplo, voltam dos 3,5% definidos com o decreto presidencial, para 3,38%, com a derrubada pelo Congresso. Já as remessas para conta no exterior (gastos pessoais) recuam de 3,5% para 1,1%.

Encantado cobra, CPI avança: a crise da água entra no cano

Enquanto no plano nacional se discutem bilhões, aqui a luta é por dignidade básica. A Câmara de Vereadores de Encantado aprovou nesta semana a abertura de uma CPI para investigar os serviços prestados pela Corsan Aegea. O estopim foi um memorando da Prefeitura com dezenas de queixas da comunidade: falta de água recorrente, obras inacabadas e promessas não cumpridas. A comunidade participou da sessão legislativa — e mostrou que, quando a água falta, a paciência também seca. A CPI promete movimentar os próximos meses.

O inverno chegou — e com ele, o medo também

O frio apertou e a chuva retornou ao Rio Grande do Sul nos últimos dias, trazendo um velho fantasma que assombra o Vale do Taquari: o medo de novas enchentes. A população observa o nível dos rios com atenção redobrada, enquanto se apega à esperança de que as previsões anunciadas não tenham a mesma força destruidora de 2023 e 2024. A instabilidade climática parece ter virado rotina, mas por aqui, a fé em dias mais calmos ainda resiste. Porque entre o pavor e a reconstrução, o que move o Vale é a coragem de recomeçar — mesmo quando o céu insiste em não abrir.

Quem viver, verá

A foto é da segunda-feira, no Bocatto, após a sessão da Câmara de Vereadores e a informação que me foi enviada é de que na foto temos dois candidatos a vereador e um a prefeito na eleição de 2028. Como dizia Silva Filho, temido radialista do passado: “Quem viver, verá!”

_ Na foto, Stafford, Schveiger, Gonzatti,
Bratti, Giaretta, Conzatti e Passaia
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