#PaginaTrês | “Tem que fazer o que tem que ser feito”

Há frases que não precisam de explicação — apenas de vivência. “Tem que fazer o que tem que ser feito” é uma delas.
Não é sobre coragem heroica, nem sobre força desmedida. É sobre disciplina. Sobre levantar todos os dias, mesmo quando o coração pede para parar.
Aprendi isso cedo. Fiquei viúva aos 33 anos, com três filhos pequenos — um de seis e outro com menos de dois anos — e o jornal Força do Vale, que ainda engatinhava. Três vidas inteiras pela frente. Tive medo, claro. Quem não teria? Mas não havia tempo para o medo. Havia boletos, responsabilidades, uma redação para conduzir e duas crianças para criar.
Muitas vezes pensei em desistir — tantas, que perdi a conta. Mas a vida não espera. E a diferença entre quem chega e quem para no meio do caminho é simples: a disciplina. Fazer o que precisa ser feito, mesmo quando ninguém aplaude, mesmo quando criticam, mesmo quando dói, mesmo quando parece que o mundo esqueceu de você.
A disciplina é silenciosa. Não faz discursos, não brilha nas redes sociais, não dá ibope. Mas é ela quem constrói tudo o que realmente vale a pena. É ela quem sustenta o que o entusiasmo começa. É ela quem salva nos dias cinzentos, quando o corpo cansa e a alma quer recuar.
Sempre fui disciplinada no trabalho. Nunca deixei nada por fazer quando o assunto era prover, zelar como mãe. Mas essa mesma disciplina demorou a chegar quando o tema era cuidar de mim.
Durante anos, enfrentei — e enfrento — a obesidade e suas consequências: gordura no fígado, diabetes, colesterol alto e dores constantes. Eu já não comandava meu próprio corpo. E então percebi — novamente — que era hora de fazer o que precisava ser feito.
Aos 65 anos, decidi pela cirurgia bariátrica — uma escolha que exige muita, mas muita disciplina. Um ano se passou, e tenho procurado cumprir, na maior parte do tempo, tudo o que essa nova vida exige. Os resultados estão aí: exames praticamente normais, nada mais de gordura no fígado, diabetes controlada, fôlego renovado para subir e descer escadas, disposição para caminhar. Respostas concretas de uma só causa — a disciplina.
Descobri que a cirurgia foi a parte mais fácil. Difícil é resistir às tentações: manter a rotina de academia — às vezes, na força do ódio —, caminhar, beber muita água e dizer “não” às guloseimas que parecem inofensivas entre as refeições.
Nem sempre é bonito. Nem sempre é leve. O medo de fracassar é real. Sem disciplina, até acordar é complicado. E a vida, no fim das contas, recompensa quem não desiste.
Hoje, olho para trás e reconheço que foi essa teimosia disciplinada que manteve o Força do Vale de pé, que criou meus filhos e que agora me desafia e ensina a cuidar de mim — para que eu siga rumo à última fase da vida com saúde, autonomia, leveza e a paz de quem fez o que precisava ser feito.
Porque a verdade é uma só: a disciplina é o amor em movimento. E amar — pessoas, causas, sonhos e a si mesma — é, acima de tudo, continuar fazendo o que tem que ser feito.
Cristo Protetor é Patrimônio do RS
A Assembleia Legislativa aprovou, por unanimidade, o projeto que declara o Cristo Protetor de Encantado como Patrimônio Religioso, Cultural e Turístico do Rio Grande do Sul.
De autoria do deputado Luiz Marenco (PDT), a proposta reconhece o envolvimento da comunidade na construção do monumento de 43,5 metros, hoje símbolo de fé e orgulho regional.
Inaugurado em 2022, o Cristo segue atraindo visitantes de todo o país — e agora tem seu valor eternizado por lei.
Natal Mais Encantado prepara nova Ceia Comunitária
A organização do Natal Mais Encantado convida entidades, clubes, igrejas, empresas e a comunidade para uma reunião na segunda-feira, dia 27, às 18h45, na ACI-E, para planejar a 2ª edição da Ceia de Ação de Graças Comunitária.
O evento, parceria entre ACI-E, CDL, Prefeitura e Câmara de Vereadores, será realizado ao ar livre em novembro.
A primeira edição, em 2024, reuniu cerca de duas mil pessoas em um gesto de união e solidariedade que promete se repetir neste ano.









