#NolimarPerondi |”Queremos um pedágio justo, que beneficie a região sem onerar demais a população”
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Pedágios
Mais uma vez o assunto principal aqui nesta região do Vale do Taquari é o pedágio. Nesta semana entrevistei, no podcast Perondi Sem Roteiro, que está nas redes sociais do jornal Força do Vale, a direção da Associação Comercial e Industrial de Encantado nas pessoas da presidente Raquel Cadore Baldo e Luciano Moresco, responsável pelo núcleo da entidade que trata do assunto pedágio, e o vereador de Encantado, Diego Pretto.
A presidente da Acie, Raquel, deixou muito bem claro que o pedágio, através do sistema free flow, é importante e deve ser implementado para dinamizar a logística da região, porém com apontamentos fortes nos preços das tarifas. Por sua vez, Luciano Moresco, apresentou estudos onde faz uma avaliação que contrapõe os custos e tarifas apresentadas pelo governo do estado. Conforme esses estudos a tarifa para uma pista simples seria de R$ 0,14 podendo chegar a R$ 0,18 quando duplicada. A sugestão para chegar a esses valores seria duas possibilidades: Diminuir obras ou o governo estadual aportar além dos R$ 1,3 bilhão, mais R$ 900 milhões. Já o vereador Diego Pretto acredita que a população não deve pagar a duplicação e sim a manutenção, por esta razão se diz contrário ao modelo apresentado.
Contribuição
Neste mesmo programa ouvimos a participação de Adelar Steffler, que é presidente da Cooperativa de Transportes do Vale do Taquari, Vale Log, e também presidente da Associação Comercial e Industrial de Arroio do Meio. Muito ponderado afirma que o sistema free flow é mais justo: “Ele ajuda a pagar menos pedágio porque você realmente paga o que usa”. Adelar também salientou o erro que foi o pedágio com praça física em Encantado por 27 anos: “A gente não quer um pedágio que poucos pagam e a gente também não podemos permitir que o Vale do Taquari não receba investimentos do governo estadual e federal porque o Vale do Taquari gera muito PIB, gera muita renda, faz a economia girar, então nós queremos uma atenção maior”.
Empresários
Para a classe empresarial a discussão sobre o pedágio deve ficar por conta da redução da tarifa. A proposta atual é de R$ 0,23 por quilômetro rodado e, por exemplo, o presidente executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto Freitas, se mostra favorável ao pedágio com o sistema free flow, porém defende ações que possam diminuir as tarifas, para isso sugere focar mais no que é possível e menos no que seria o ideal.
Obras
No projeto de concessão do Bloco 2, que no caso é o da região, está prevista a construção de 16 pontes que deverão estar acima das cotas das últimas enchentes. Um exemplo disso são as pontes na ERS 129, sobre o Rio Jacaré e sobre o Rio Guaporé, entre Encantado e Muçum. Caso forem executadas apenas elevando as pontes é um serviço sem eficiência, do ponto de vista da trafegabilidade. Nesta região, a maior parte da malha viária ficou submersa. O ideal seria elevar a rodovia no mesmo nível das novas pontes. Ocorre que no projeto inicial somente as pontes estão contempladas.
Salva Vidas
Por outro lado, neste projeto de concessão, está garantido duas rampas de escape para veículos pesados. Uma em Westfália, no ano 7, e a outra no final da serra da 28, em Muçum, ano 6, local de muitos acidentes com mortes.
Negociação
Tenho notado que existe uma aproximação de ideias entre políticos, principalmente prefeitos, e associações das classes empresariais para que seja implantado o pedágio na região. A margem de negociação está justamente no mapa das obras para diminuir a tarifa. Importante esse entrosamento para que o usuário pague um preço justo, mas igualmente devem ter a atenção nas obras necessárias para que esta rodovia seja um apoio ao desenvolvimento local e não um limitador.
Justiça
Seria justo que Encantado tivesse prioridades nas obras e na duplicação e que isso esteja na mesa de discussão. O motivo é muito óbvio, por 27 anos o município foi duramente prejudicado por conta do pedágio físico, que além de inibir investimentos, também separou o próprio território.
Responsabilidade
Cada um que discute o pedágio tem sua parte de razão, mesmo aqueles que não querem pagar um só tostão de pedágio. Concordo também que estradas bem planejadas, duplicadas e que garantam segurança aos usuários é de responsabilidade do estado. Os impostos são justamente para isso. O problema é que, com a incapacidade do estado, se permitiu que fosse delegado ao setor privado o trabalho que constitucionalmente seria do estado. O injusto disso é que continuamos pagando os impostos e também as tarifas dos pedágios. Agora, mesmo sendo injusto, o pedágio está sendo a única forma de se conseguir investimentos nas rodovias da região que há anos se mostram ultrapassadas e limitadas. Nenhum local do mundo poderá expressar todo o seu potencial, seja empresarial ou turístico, sem estradas de qualidade.
Políticos
Tenho ouvido alguns políticos, principalmente aqueles que buscam engajamento com discurso fácil e sem a responsabilidade que o cargo exige se valer justamente da fragilidade de quem já pagou muito para buscar validação de suas neuras com este ou aquele governador ou presidente. O momento exige racionalidade e maturidade para que o ganho coletivo seja maior do que aquilo que se paga. A briga boa é quando todos ganham.
Erro
No programa desta semana, quando entrevistava os representantes da Acie, Raquel e Luciano, e o vereador Diego, citei o que disse um vereador de Encantado e equivocadamente disse que seria líder do governo. Na verdade me referia ao líder da bancada do PSDB, mesmo partido do prefeito Jonas Calvi, que durante a sessão ordinária afirmou que não acreditava nas obras prometidas e planejadas para a implantação do pedágio. Não acredito que este tipo de comentário seja próprio para um vereador, de fato não agrega. Penso que a discussão desse assunto deve ser em um nível maior, mais equilibrado.
Legado
Se de fato permanecer R$ 0,23 por quilômetro, será a tarifa mais cara do Brasil. Mais uma injustiça nesse projeto de concessão, só para lembrar, ainda estamos sem uma ponte de qualidade que liga essa parte do Vale com a BR 386 e amargando prejuízos incontáveis. A proposta da tarifa mais cara é justamente para uma região que foi duramente atingida pela maior tragédia natural do Brasil.
Frase
“Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento.”
– Abraham Lincoln