#RaquelCadore | Não violência

2 de outubro é o Dia Internacional da Não Violência, criado pela ONU em homenagem a Mahatma Gandhi, líder que transformou a luta por justiça em um caminho de resistência pacífica. Esta data nos convida a refletir sobre como estamos lidando com os conflitos nos lares, nas escolas, nos espaços públicos e também dentro de nós. Muitas vezes, associamos violência apenas a atos extremos, mas ela também se manifesta em palavras que ferem, em gestos de indiferença, na exclusão silenciosa, na intolerância com quem pensa diferente e até no silêncio diante das injustiças. A não violência não significa passividade, pelo contrário, é uma atitude ativa, que exige coragem para dialogar, disposição para escutar e responsabilidade. É optar por enfrentar divergências sem destruir vínculos, por resistir sem agredir, por reivindicar direitos sem negar a humanidade do outro. É uma escolha ética e transformadora. Em tempos de polarização e pressa, em que o imediatismo muitas vezes atropela a escuta e a empatia, a lembrança da não violência nos leva também a refletir sobre algo essencial: a importância de resgatar valores como respeito, solidariedade, cuidado, tolerância e compaixão, pois quando esquecidos, abrem espaço para o individualismo, a indiferença e a violência em suas múltiplas formas. A cultura da paz começa no cotidiano: no trânsito em que podemos ceder passagem, na escola onde praticamos a empatia, na comunidade em que priorizamos o bem comum. São escolhas pequenas que somadas, têm força para transformar ambientes inteiros. Aqui no Vale do Taquari, vivemos recentemente experiências dolorosas com desastres naturais, que mostraram a força da solidariedade. Foi o gesto de cada voluntário, a palavra de acolhimento, o trabalho coletivo que gerou esperança. Este é o espírito da não violência em ação: transformar a dor em cuidado e a crise em cooperação mesmo em cenários de caos. Celebrar o Dia da Não Violência é reconhecer que a paz não é ausência de conflito, mas a escolha de enfrentá-lo de forma humana e construtiva. É assumir que todos nós, individualmente e coletivamente, temos responsabilidade em cultivar relações mais justas, respeitosas e compassivas. Que esta data nos lembre que cada gesto pode reforçar ou enfraquecer a violência, e que sempre temos a oportunidade de somar, diminuindo a violência em todos os sentidos.