MERCADO DO MILHO
A colheita do milho avança no Rio Grande do Sul, mas ainda com menos de 10% da área colhida no Estado. O clima frio que perdurou no inicio do ciclo do milho, acabou atrasando o início das colheitas do grão em algumas regiões. Na última semana, chuvas pontuais e localizadas pararam produtores que iniciavam a colheita. O mercado do milho tem tido preço estável nestas últimas semanas, e o preço deve seguir estável, com tendência de leve aumento. No entanto, nos portos as cotações recuaram devido à queda do dólar, que diminui a diferença dos ganhos para a exportação.
Somado à queda do dólar, a abertura da colheita de grãos impacta o mercado devido à produtividade esperada deste ano ser superior à do ano passado, devido à forte estiagem nas regiões de maior produção de milho. Se por um lado a previsão de produtividade é maior do que a do ano passado, por outro, a estiagem vem castigando as lavouras da região, colocando em dúvida esta expectativa de maiores números produtivos..
MERCADO DA SOJA
Os preços da soja caíram nesta última semana no mercado brasileiro, puxados pela desvalorização do dólar e que foram segurados devido à expectativa de safra recorde de produtividade, que é prevista de pelo menos 152 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Assim, a liquidez e os valores oferecidos seguem baixos no mercado brasileiro, que somado ao fato da última safra ter sido de altos custos de produção devido ao aumento dos custos dos insumos, afetados pela guerra da Rússia e Ucrânia, estas margens apertadas mantém os produtores receosos e desinteressados em negociar os estoques.
Nos vizinhos Argentinos, ocorreu o oposto, visto que a Argentina vendeu os estoques, e agora terá de importar soja. A China, devido à alta demanda de grãos, fechou o ano de 2022 com importação de 10,5 milhões de toneladas superior ao mês de novembro, valor 42,9% superior, segundo a Administração Geral de Alfândegas da China (Gaac).
PREJUÍZOS NO CAMPO
A área cultivada de milho em nosso Estado neste ano é de aproximadamente 831 mil hectares, e a produtividade esperada inicialmente era de 7,3 toneladas por hectare (em torno de 120 sacos). Acontece que devido ao agravamento dos sintomas do evento agroclimático La Niña, que inicialmente acreditava-se ser um evento leve a moderado, agora vai efetivando maiores perdas aos produtores.
Não somente os produtores sentem este prejuízo, como toda a cadeia, visto que já estamos no terceiro ano de estiagem. Segundo a Emater, as regiões mais afetadas do Estado são as do Centro e Oeste do Estado, que englobam os municípios e regionais de Santa Maria, Frederico Westphalen, Bagé, Ijuí e Santa Rosa, em que as perdas de produtividade já são na ordem de 30 a até 50%.
Nossa região, que pertence à regional de Lajeado, além das regionais de Soledade e Passo Fundo, apresentam a redução de rendimentos menores, com até 10% de perdas. Acontece que, da mesma forma com que ocorreu no ano passado, as lavouras de milho implantadas no cedo, apesar de crescerem com menor temperatura, tiveram menor restrição de chuvas, fator que possui um maior grau de importância para o rendimento do milho, seja na forma de silagem ou de grãos.
Outro problema associado aos anos de La Niña, é que as chuvas são esparsas, variando a ocorrência até mesmo dentro de um município, tanto em frequência quanto em volumes de precipitação. Assim, as lavouras que foram plantadas no fim de julho e início de agosto, que já foram colhidas na forma de silagem, apresentam boas produtividade, de 40 a 50 toneladas de silagem por hectare – superiores à média do Estado, que é de 35 toneladas por hectare. Segundo a consultoria Cogo – Inteligência em Agronegócio, a quebra de safra na Região Sul deve ultrapassar os 50%.
ESTIAGEM E GRANIZO
Condições climáticas tipicamente distintas, ocorreram em um curto período de tempo, prejudicando diversas culturas da região. Lavouras de milho e de fumo foram as mais sinalizadas como afetadas. Segundo a Emater de Venâncio Aires, as perdas no município já ultrapassam os 33 milhões.
Destes, pelo menos 17 milhões são devidos à cultura do milho, que é cultivada para venda de milho-verde, grãos ou silagem, que já soma perda de 25% de produtividade. Já o tabaco, que é uma cultura que a precificação do produto depende em grande parte do aspecto e da qualidade da folha, não somente do rendimento, já possui um prejuízo calculado que ultrapassa 11 milhões.
CUSTOS ELEVADOS TAMBÉM NA EUROPA
A Eurostat, que é a Comissão de Estatística da União Europeia, analisando os custos deste último ano na União Europeia, identificou um aumento médio de 24% nos custos de alimentos. A escalada de preços foi principalmente devido ao aumento do custo dos fertilizantes, que foi na ordem de 86%, além dos cereais na ordem de 45% e das proteínas como ovos e leite na ordem de 43%.
Neste cenário, apenas as frutas tiveram recuo, que foi na ordem de 3%. Além dos custos de alimentação, a energia e combustíveis também aumentaram, cerca de 59%. O principal motivo deste aumento, é também conhecido por nós aqui no Brasil: a guerra entre Rússia e Ucrânia, teve forte impacto nos custos de produção básicos em todas as cadeias produtivas. Além disso, os fatores climáticos também perturbaram as produções agrícolas, devido à forte estiagem que ocorreu, favorecendo a ocorrência de queimadas, que destruíram
campos, lavouras e pastagens, reduzindo o alimento de rebanhos.
SUÍNO E FRANGO
Os preços da carne suína e de frango tiveram forte queda nos últimos meses. No final de 2022, o preço da carne suína teve reação de aumento devido às festas de final de ano, mas novamente voltou a cair. Em parte, este movimento é esperado devido à mudança de rotina e consumo desta época do ano, que é de férias escolares e
recessos.
Essa baixa nas vendas, impacta diretamente os produtores e os frigoríficos, que recebem menos pelo kg do suíno, em uma época de custos de produção altos, principalmente devido aos grãos com preços valorizados, encurtando a margem de lucro, e muitas vezes operando em negativo.
Em relação ao frango, o cenário é ainda mais difícil, com os preços praticados sendo iguais, ou ainda menores que em 2022 para este mesmo período. O reflexo disso, é o aumento da exportação de carne de frango in natura, neste período de início do ano, pelo menos 20% superior ao mesmo período do ano passado, segundo o Portal da Avicultura (AVISITE).
PNEU TAMBÉM É AGRO
Um novo pneu foi desenvolvido pela fabricante Goodyear, e promete maior capacidade de rodagem em relação aos convencionais, chegando a até 500 mil km. A novidade, além de uma maior quilometragem, é a composição do pneu, que traz consigo materiais ecológicos e sustentáveis.
A partir de subprodutos da soja e casca de arroz, pelo menos 90% dos materiais da composição dos pneus, são matérias primas de metano, dióxido de carbono, óleo vegetal e óleo de pirólise. O uso do óleo a base de soja ajuda a manter o composto de borracha do pneu flexível em mudanças de temperatura, reduzindo a quantidade de produtos a base de petróleo necessárias para a composição do pneu.
Este óleo utilizado provém de sobras do processo de fabricação da proteína de soja. Além disso, da casca do arroz provém sílica, que é o componente utilizado para aumentar a aderência e reduzir consumo de combustível.
EXPECTATIVAS
O novo ministro da agricultura, Carlos Fávero defendeu a modernização do cadastro ambiental rural (CAR) como uma maneira de legalizar produtores com áreas produtivas embargadas. Em conversa com o Canal Rural, aspectos de Governo como liberação de novos defensivos agrícolas mais modernos e benéficos ao meio ambiente, direito à propriedade e invasão de terras, e mudanças da Conab, INCRA, Ministério da Agricultura, entre outros foram discutidos.
Quando questionado sobre as dificuldades que os produtores de leite têm sofrido na atividade, fazendo com que muitos produtores deixem a pecuária leiteira, Fávaro citou o presidente Lula, que disse que apesar do cobertor orçamentário ser curto, a prioridade é atender os menores produtores e os mais necessitados, e que estes terão aval e prioridade total.
Ainda, afirmou que o apoio não será somente institucional, e que é preciso dar apoio econômico. Dentre as expectativas do Governo, o que os produtores mais esperam é que sejam reajustados os valores limites para enquadramento nos programas de financiamento, com o aumento do teto para Pronaf e Pronamp, visto que houve valorização das culturas agrícolas e da produtividade nos últimos anos, e pouca atualização, limitando o grupo de produtores que acessam Pronaf.