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As novas fronteiras no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata

O movimento Novembro Azul, mais do que um lembrete, tornou-se um marco anual de conscientização sobre a importância da saúde masculina. Dentro desse contexto, o câncer de próstata se destaca por ser um dos mais incidentes, sendo a neoplasia mais comum entre os homens, excetuando-se os tumores de pele não melanoma. Apesar da alta prevalência, há um aspecto positivo: as abordagens preventiva, diagnóstica e terapêutica estão em constante evolução, incorporando tecnologias que visam aliar tratamento eficaz à preservação da qualidade de vida.

A evolução tecnológica tem permitido abordagens cada vez mais precisas e menos invasivas, com foco na cura, na sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes. O urologista Augusto Luiz Giongo destaca como um dos principais avanços a cirurgia robótica da próstata, ou prostatectomia radical robô-assistida. Essa técnica, considerada minimamente invasiva, oferece precisão milimétrica por meio de visão 3D ampliada e ampla mobilidade dos braços robóticos, superiores aos movimentos humanos. Segundo o médico, essas características permitem preservar tecidos e estruturas essenciais, reduzindo riscos e aumentando as chances de manutenção de funções como continência urinária e potência sexual. Além disso, a técnica proporciona menor sangramento, menos dor, alta hospitalar precoce e retorno mais rápido às atividades diárias.

Outro campo de inovação mencionado por Giongo são as terapias focais, indicadas para tumores em estágio inicial. Entre elas estão o HIFU (ultrassom focalizado de alta intensidade), a crioablação e o Echolaser, que tratam diretamente a área afetada sem a necessidade de remoção completa da próstata. Contudo, o especialista pondera que ainda são necessários estudos comparativos de longo prazo para consolidar essas terapias como alternativas de primeira linha, embora os resultados já mostrem benefícios significativos.

No campo do diagnóstico, tecnologias de imagem e testes genéticos têm transformado o acompanhamento de casos de baixo risco. Ferramentas modernas ajudam a evitar biópsias desnecessárias e oferecem dados prognósticos mais precisos. Entre elas estão os biomarcadores sanguíneos e urinários, como PHI, 4Kscore, SelectMDx, PCA3 e ExoDx (EPI), que ajudam a diferenciar doenças menos agressivas das que têm maior potencial de evolução, especialmente em casos duvidosos. A ressonância magnética pré-biópsia também se destaca como exame fundamental para guiar a biópsia e avaliar a extensão da doença.

Entre as frentes mais promissoras no tratamento está a terapia com Lutécio-177, um radiofármaco que se liga ao PSMA (antígeno prostático específico da membrana), presente nas células tumorais, permitindo atacar apenas as células doentes e preservando os tecidos saudáveis. Essa inovação aponta para tratamentos mais personalizados e com menos efeitos colaterais, embora ainda esteja em fase de estudos e não disponível amplamente na prática clínica.

Ao projetar o futuro, Giongo aponta a telecirurgia robótica como uma transformação revolucionária. Já existem casos em que o cirurgião atua de outro continente, enquanto o paciente e a equipe estão em um hospital local. Essa possibilidade pode conectar especialistas de diferentes partes do mundo, permitindo colaboração em tempo real tanto em procedimentos quanto na formação profissional.

As novas tecnologias consolidam uma era de precisão e individualização na medicina urológica, reforçando o propósito central do Novembro Azul: promover o cuidado integral da saúde masculina por meio da informação, da prevenção e da inovação.

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